Justin Bieber chega em 2025 com seu sétimo disco de estúdio, “Swag”, e mostra o canadense, por tanto tempo visto como o garoto-problema do pop, finalmente encontrando um lugar artístico onde parece à vontade, menos refém de estereótipos e muito mais verdadeiro consigo mesmo.
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“Swag” nasce depois de uma série de fotos misteriosas no Instagram, legendas crípticas e sessões de estúdio pipocando pelos stories, culminando no encerramento das gravações em uma paisagem tão inusitada quanto significativa: a Islândia. É quase simbólico. Um artista que sempre viveu envolto em holofotes e escândalos adolescentes, agora se isola num território frio e amplo para refletir, compor e, acima de tudo, cicatrizar.
O álbum é, em muitos momentos, quase uma grande colagem de experimentos. Há quem diga que soa mais como uma mixtape do que um disco convencional, e isso não deixa de ser verdade. Mas o que poderia soar disperso ou preguiçoso, acaba revelando um Bieber mais espontâneo, vulnerável e até disposto a se rir de si mesmo. As esquetes com Druski, por exemplo, são bobas, mas escancaram o quanto ele está confortável em abraçar o ridículo. O ponto alto nesse sentido é quando Bieber inclui gravações reais de suas tretas com paparazzi. Não tem polimento: ele escancara o lado feio e confuso de viver sob os flashes, o que acaba rendendo um disco menos “produzido para agradar” e mais “feito para existir”.
Sonoramente, “Swag” trafega entre o R&B que sempre foi o habitat natural do cantor e novas incursões pelo folk, pelo country e até pelo synth oitentista, como em “Sweet Spot”. A junção da guitarra acústica com vocais cuidadosamente modulados transforma o álbum em um passeio íntimo por tudo o que Justin parece ter vivido nos últimos anos. Maturidade, aqui, não é palavra jogada ao vento: é tema. Ele quer mostrar que cresceu, que pensa diferente, que foi moldado pelos tropeços. E isso aparece na composição, nas melodias, nas pausas dramáticas que soam quase como sessões de terapia, como no interlúdio em que explica seus surtos no Instagram.
Ainda assim, é difícil não notar que o disco poderia ser mais coeso. São 20 faixas e, em muitos momentos, o ouvinte fica esperando algo que quebre a calmaria, que traga um sopro novo. Algumas canções soam desnecessariamente monótonas, como se o minimalismo da produção não tivesse sido equilibrado com refrãos ou ganchos interessantes. Isso fica evidente em passagens que pedem para acelerar e simplesmente não saem do lugar, deixando a sensação de que a jornada poderia ser mais curta e certeira.
Mesmo assim, quando o álbum acerta, ele acerta bonito. “Daisies” e “Go Baby” mostram Bieber ainda dono de um faro pop afiado, enquanto “Devotion” e “Butterflies” escancaram o quanto ele está mais técnico e seguro do que nunca vocalmente. O encontro com Lil B é outro destaque. Tem quem ache forçado, mas na prática, é onde o conceito de “Swag” parece fazer mais sentido, como se Bieber tivesse abraçado de verdade aquela filosofia “Based God” do amor universal, do deixar a vida fluir sem tantas amarras.
Talvez o maior triunfo de “Swag” seja justamente esse: não tentar ser um disco pop espetacular ou o grande comeback radiofônico que muitos esperavam. Ele funciona mais como um diário de bordo de alguém que decidiu viver sem tantas regras, que cansou de dançar para agradar o mercado e resolveu cantar o que está engasgado. Pode soar raso em alguns pontos, pode arrastar demais em outros, mas é um retrato honesto de um Justin Bieber que parece, enfim, ter entendido que o agora importa muito mais do que o ontem.
Nota: 69/100
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