Lançado em 20 de setembro de 2024, “143” (termo coloquial para “I Love You”) marca o retorno de Katy Perry após quatro anos desde seu álbum anterior, “Smile“. Este sétimo projeto da cantora, que coincide com sua apresentação no Rock in Rio, promete uma sonoridade dançante, cheia de amor e alegria, mas, na prática, deixa muito a desejar.
A discografia de Katy sempre foi celebrada por sua originalidade e capacidade de conquistar, mas é possível notar um certo declínio em seu tato e na profundidade das composições. Isso é preocupante, considerando que estamos falando de uma das artistas mais inovadoras da indústria musical. Katy, que já experimentou tanto sucesso com discos anteriores, parece ter se afastado dessa ousadia em “143“.
Trabalhando com uma equipe um tanto quanto questionável, incluindo Max Martin e Dr. Luke, Katy tenta alcançar um som vibrante e otimista. No entanto, a execução parece aquém da intenção. A abertura com “Woman’s World”, um hino de empoderamento, deixa claro o padrão do álbum: produção repetitiva e letras simplistas. A escolha de Dr. Luke como colaborador, apesar de polêmica, também revela uma fórmula já desgastada, limitando o alcance do trabalho.
Apesar dessas questões, Katy Perry mantém uma relação especial com o Brasil, demonstrando carinho pelo público em diversas ocasiões e sempre trazendo seus shows ao país. Esse vínculo é uma constante em sua carreira e reforça seu amor pela nação.
Entre os pontos altos, “I’m His, He’s Mine” com a participação de Doechii se destaca pela energia vibrante que a rapper traz, mas mesmo essa colaboração falha em sustentar o álbum. A produção soa desconectada da performance de Katy, que, por vezes, parece seguir tendências impostas pelo time de produção, em vez de acreditar em seu próprio potencial artístico.
Embora “143” apresente momentos de personalidade, em meio aos sintetizadores e acordes questionáveis, fica a sensação de que Katy está apostando em sonoridades que não combinam com suas propostas. O disco, apesar de não estar datado, parece desconectado da autenticidade que marcou seus trabalhos anteriores.
Mesmo assim, a esperança é que Katy siga a tendência comum na música pop: quando o álbum não entrega, a turnê pode compensar. Um exemplo clássico é “MDNA“, de Madonna, que, apesar de ser considerado um dos discos mais fracos da carreira da rainha do pop, trouxe uma das turnês mais icônicas e bem-sucedidas de todos os tempos. Talvez Katy, com sua habilidade de dominar o palco, consiga reverter a sensação deixada por “143” e proporcionar uma experiência inesquecível para seus fãs.
“143” pode não ser o melhor momento da carreira de Katy, mas ainda carrega traços de sua essência artística. O desafio agora é redescobrir seu caminho, longe das imposições externas, e voltar a confiar no que a tornou única.
Nota final: 43/100
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