Se você acha que Halloween é só sobre abóboras e fantasias, é porque ainda não deu play em “Turn Off the Light” de Kim Petras. Esse álbum vai muito além de uma trilha sonora de festa assustadora. É uma imersão completa em um universo onde o terror encontra o pop, onde as batidas eletrônicas fazem o sangue pulsar mais rápido e cada faixa parece feita para te levar à beira do sobrenatural. Mais do que um álbum temático, é uma obra-prima de produção, conceito e pura atitude. E sim, é fácil dizer que Kim Petras domina o Halloween com a mesma habilidade que Michael Myers persegue suas vítimas.
Kim Petras, uma das forças mais intrigantes do pop contemporâneo, criou uma obra que é tanto uma homenagem ao terror quanto um tributo às pistas de dança. “Turn Off the Light” nasce da ideia de que Halloween merece seu próprio espaço no calendário musical, e se você ainda não pensava assim, Petras faz questão de te convencer – com estilo. Ela pega o feriado favorito dos excêntricos e transforma em uma festa intensa, onde os sons são densos, as batidas são pesadas e a vibe é… absolutamente irresistível.
Logo de cara, “There Will Be Blood” te puxa para esse universo sombrio e vibrante. A faixa é como o convite perfeito para entrar em uma noite que você sabe que não vai esquecer. A produção é afiada, os sintetizadores são envolventes e os vocais de Kim carregam uma força quase mística. Cada frase parece desenhada para fazer você sentir a adrenalina de estar no meio de uma festa cheia de monstros, como se a qualquer momento algo pudesse acontecer. A batida pulsante mantém a energia em alta, e as transições são impecáveis. É aquela faixa que te leva para dentro do álbum de corpo e alma.
“Close Your Eyes” vem logo depois, como um lembrete de que no mundo de Kim, o medo e o prazer caminham lado a lado. Essa faixa é como um hino de sedução macabra. As camadas de produção fazem com que você sinta que está sendo hipnotizado por uma espécie de feitiço sonoro. A mistura de sintetizadores pesados e batidas eletrônicas cria um clima denso, quase palpável, que coloca você diretamente em um salão de festa gótico. Há algo quase libertador em como Kim explora a escuridão aqui, entregando uma faixa que é tanto um hino pop quanto uma experiência sensorial.
Agora, se você gosta de uma boa transição, precisa prestar atenção em “o m e n”. Mesmo sendo uma faixa instrumental, essa interlude funciona como a espinha dorsal do álbum, conectando as faixas de uma maneira tão fluida que você nem percebe o tempo passando. Ouso dizer que essa é uma das forças do álbum: não há pausas, não há momentos mortos. Tudo é orquestrado para que você se sinta dentro de uma história – ou melhor, dentro de um filme de terror.
E se “Turn Off the Light” fosse um filme, “Death by Sex” seria aquela cena de tensão máxima, quando o perigo e a sensualidade se misturam em uma sequência intensa. Kim explora o desejo com uma pegada eletrônica implacável, onde as batidas são tão sensuais quanto ameaçadoras. A faixa tem uma pulsação que parece feita para as horas mais tardias da festa, quando o clima está mais denso e a escuridão tomou conta da pista de dança. Há um flerte constante com o perigo aqui, um jogo entre o prazer e o caos, que torna tudo ainda mais estrondoso.
Mas o que realmente se destaca em “Turn Off the Light” é a habilidade de Kim Petras em criar uma experiência imersiva. Desde as transições atmosféricas até os momentos mais eletrizantes, cada faixa parece cuidadosamente desenhada para levar o ouvinte a um estado de transe. E a mistura de gêneros é nada menos que genial. Kim transita com facilidade entre o dance-pop, EDM, house, techno e até industrial, criando uma tapeçaria sonora rica e multifacetada. Ela abraça o caos e o mistério, enquanto mantém as coisas incrivelmente coesas – como se estivesse conduzindo uma cerimônia secreta da qual você, ouvinte, faz parte.
“Tell Me It’s a Nightmare” é outro exemplo de como Kim sabe misturar o emocional com o eletrizante. Os vocais aqui são arrepiantes, mas a batida te faz querer dançar como se estivesse numa rave sombria. A magia dessa faixa está no contraste: a atmosfera é sombria, quase sufocante, mas as melodias são tão viciantes que você não consegue resistir. E é essa dualidade que faz o álbum brilhar.
Se você ainda não tinha certeza do impacto de “Turn Off the Light” no pop, basta dizer que é o tipo de álbum que redefine o que significa fazer música para uma época. Ele é inovador, ousado e, acima de tudo, divertido. Kim Petras conseguiu capturar a essência do Halloween e transformá-la em música – e não qualquer música, mas uma que desafia as convenções do pop e se apropria de uma estética que, até então, parecia não ter espaço no mainstream. A ousadia de lançar um álbum temático e torná-lo não só um sucesso cult, mas também um marco na cultura pop, é prova de que Kim Petras está jogando em outro nível.
Este é um álbum que, a cada Halloween, vai ser redescoberto e celebrado, e por boas razões. “Turn Off the Light” não é só sobre o medo ou o terror, é sobre liberar seu lado mais selvagem, sobre dançar como se não houvesse amanhã, sobre encontrar prazer na escuridão. E Kim Petras, com toda sua habilidade artística, entrega exatamente isso: um convite para se perder em uma noite onde tudo pode acontecer.
Nota final: 90/100