A essa altura da franquia “Missão Impossível”, o que se espera é excelência técnica, sequências de ação espetaculares e um Tom Cruise comprometido em levar o cinema de ação a um novo patamar. “Acerto de Contas – Parte 1”.
O enredo é centrado em uma ameaça digital: uma inteligência artificial fora de controle, cujo código-fonte só pode ser acessado por meio de uma chave misteriosa dividida em duas partes. Ethan Hunt (Tom Cruise) e a equipe do IMF, composta por Luther (Ving Rhames), Benji (Simon Pegg) e Ilsa (Rebecca Ferguson), são os responsáveis por recuperar essas peças enquanto enfrentam adversários poderosos e dilemas éticos que colocam a missão em primeiro lugar, acima de qualquer laço pessoal.
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Embora a premissa da IA como vilã global possa parecer genérica em tempos saturados por distopias tecnológicas, o roteiro escrito por Christopher McQuarrie consegue inserir tensão real e sentido narrativo ao conceito, amarrando-o de maneira eficiente às motivações dos personagens. A direção, novamente a cargo de McQuarrie, imprime ritmo, controle visual e uma elegância rara no gênero. Ele domina a geografia da ação, permite que os momentos de respiro funcionem como ponte dramática e entrega uma narrativa fluida que respeita o espectador.
A duração extensa, com mais de 160 minutos, poderia ser um problema em mãos menos experientes, mas aqui ela funciona em favor da escala. A longa sequência final ambientada em um trem desgovernado é um exemplo claro: com construção gradual de tensão, planejamento coreográfico meticuloso e uso inteligente de efeitos práticos, ela reafirma o compromisso da franquia com a fisicalidade e com a linguagem cinematográfica clássica de ação. A acrobacia do salto de motocicleta de um penhasco, feita por Cruise sem dublês, simboliza o espírito do filme: um gesto radical de amor pelo cinema.
O elenco de apoio mantém a química e o carisma que fizeram a força dos capítulos anteriores, mas o destaque inegável é Hayley Atwell. Sua personagem, Grace, injeta frescor e ambiguidade à história. Seu desempenho combina vulnerabilidade e astúcia, criando uma dinâmica imprevisível com Hunt. Rebecca Ferguson, mesmo com menos tempo de tela, continua sendo um dos pilares dramáticos da franquia. Já Esai Morales, como o vilão Gabriel, acrescenta um toque gélido e enigmático que contrasta bem com a intensidade emocional de Cruise.
Há um sentimento de que esta é apenas metade de uma história maior, e isso é verdade. No entanto, “Acerto de Contas – Parte 1” nunca depende da “Parte 2” para se justificar. Ele se sustenta sozinho como um thriller de ação completo, com estrutura clássica, reviravoltas bem dosadas e um encerramento que entrega clímax e expectativa na medida certa.
É impressionante que, em uma era de blockbusters cada vez mais saturados por CGI sem impacto e roteiros inexpressivos, a franquia “Missão Impossível” continue evoluindo, encontrando novos caminhos dentro de sua própria fórmula. Tom Cruise, com sua devoção quase obsessiva à experiência cinematográfica, é o centro dessa equação.
“Missão Impossível: Acerto de Contas – Parte 1” é uma aula de como fazer cinema de ação com elegância, ambição e respeito pela inteligência do espectador. A Parte 2 já se anuncia como a conclusão de uma saga que redefine o que é possível no gênero. Se esta primeira metade já é monumental, a conclusão promete algo ainda maior. E, se depender de Cruise, será entregue com a mesma paixão que tornou essa franquia uma das mais respeitadas do século.
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