O espaço costuma ser um lugar de grandeza ou terror absoluto no cinema. “Missão Titã” tenta ocupar o meio do caminho. Quer ser filosófico, claustrofóbico, emocionalmente denso e, claro, existencialista. Mas o que começa com uma promessa de tensão psicológica termina como uma colcha de retalhos confusa que subestima a atenção do espectador e desrespeita a lógica interna do próprio roteiro.
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Logo de cara, a atmosfera entrega o que se espera: isolamento, silêncios incômodos, um protagonista atormentado, um planeta distante como destino e um time que parece esconder segredos. Casey Affleck segura a câmera com competência, seu personagem é um astronauta instável, soturno e sempre à beira de perder o controle da realidade. O problema é que o filme também parece não saber onde está pisando, e essa incerteza narrativa vai minando qualquer possibilidade de imersão.
A direção de Mikael Håfström, que já lidou com o sobrenatural em “1408” e com ficção barata em “Outside the Wire”, aqui se mostra perdida entre querer ser “2001: Uma Odisseia no Espaço” e terminar como um episódio irregular de “Black Mirror”. O primeiro e o segundo ato ainda sustentam alguma curiosidade, apesar de diálogos expositivos e personagens pouco desenvolvidos. A estética é limpa, a fotografia não compromete, e as atuações são, no mínimo, profissionais.
O problema real começa no terceiro ato. Quando o filme decide revelar sua “grande virada”, o que se vê é um amontoado de ideias jogadas sem coesão, sem respaldo e, pior, sem impacto emocional. O longa implode sua própria construção, destrói o que havia prometido e cria um final tão gratuito quanto preguiçoso. A tentativa de um twist filosófico simplesmente desmorona, transformando tudo que veio antes em ruído.
É decepcionante, porque havia espaço aqui para um bom sci-fi de confinamento. As cenas que flertam com alucinação, os fragmentos de memória e a dúvida constante entre sonho e realidade podiam render uma experiência densa. Mas falta pulso na condução, falta coesão no roteiro e falta coragem para assumir um rumo.
“Missão Titã” termina sendo mais frustrante do que ruim. Tem um elenco talentoso, uma ambientação promissora, mas é sabotado por um roteiro que não sabe onde quer chegar. E quando chega, simplesmente joga tudo no vazio como se dissesse que nada do que assistimos importava. Nem mesmo para os personagens.
Para quem busca um bom thriller espacial, há opções muito mais bem resolvidas. Para quem quer apenas algo para passar o tempo e ver bons atores em uma nave que parece prestes a enlouquecer, pode até funcionar. Mas é daqueles filmes que terminam com gosto de oportunidade desperdiçada.
“Missão Titã”
Direção: Mikael Håfström
Elenco: Casey Affleck, Laurence Fishburne, Emily Beecham, Tomer Capone, David Morrissey
Disponível em: Prime Video
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