“Na Lama” se apresenta como uma extensão natural do universo de “El marginal”, mas consegue estabelecer identidade própria ao deslocar o olhar para uma perspectiva feminina do encarceramento. A série não suaviza a brutalidade, nem tenta revesti-la de ironia. O ambiente prisional é mostrado como um organismo vivo, onde regras e hierarquias mudam conforme interesses de poder. O resultado é uma narrativa dura, que recusa a romantização do crime e mergulha na lógica da sobrevivência.
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O ponto de partida coloca as protagonistas em uma situação de vulnerabilidade extrema, ainda antes de cruzarem os portões da prisão. Esse acidente inicial, em que a transferência é interrompida, funciona como metáfora do que virá: um mergulho no imprevisível, onde alianças, traições e violência ditam o ritmo. A prisão de La Quebrada é mais que cenário, é o motor da trama, um microcosmo regido por corrupção, favores e disputas incessantes.
A série aposta em um mosaico de personagens que, pouco a pouco, revelam camadas e contradições. Cada detenta carrega uma história de dor e escolhas que a conduziram até ali. O drama humano é tão central quanto a lógica criminosa que rege o presídio. Diferente de produções como “Orange is the New Black”, aqui não há espaço para humor. A abordagem é seca, violenta e próxima da crueza de “Vis a vis” ou “Wentworth”.
O que sustenta “Na Lama” é justamente essa combinação entre dureza visual e desenvolvimento de personagens. A trama recusa estereótipos simplistas, explorando a maneira como mulheres, em um ambiente predominantemente dominado por facções e estruturas masculinas, encontram formas de resistência. Gladys “La Borges” Guerra, já conhecida do público de “El marginal”, é o elo de continuidade, mas o brilho da série está no coletivo, na forma como diferentes trajetórias colidem dentro da prisão.
Visualmente, a produção investe em um realismo que causa desconforto. A fotografia aposta em sombras, sujeira e ambientes claustrofóbicos, traduzindo a sensação de opressão que paira sobre as personagens. Há uma estética de violência que se impõe sem ser gratuita, reforçando a ideia de que cada gesto pode ser o estopim de uma guerra.
“Na Lama” não é uma série feita para aliviar. É áspera, intensa e cruel. Ao mesmo tempo, é conduzida com segurança narrativa e densidade dramática. A força da obra está na maneira como transforma a prisão em um campo de batalha psicológico, social e físico, sem oferecer saídas fáceis ao espectador. Um spin-off que não depende da série original para se sustentar, mas que dialoga com ela ao expandir o olhar para novas margens desse universo.
“Na Lama”
Criação: Sebastián Ortega, Silvina Frejdkes, Alejandro Quesada
Elenco: Ana Garibaldi, Gerardo Romano, Martín Rodríguez
Disponível em: Netflix
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