Atração do Lollapalooza 2025, Nessa Barrett lança “Aftercare”, seu segundo álbum de estúdio. Lançado em 15 de novembro de 2024 pela Warner Records, o disco recebe uma edição deluxe em 7 de fevereiro de 2025, trazendo seis faixas adicionais que expandem sua proposta sonora e narrativa.
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“Aftercare” se apresenta como uma antologia melancólica onde sexo, amor e suas consequências são explorados com um viés sombrio e atmosférico. Amanda Jones, do The Ramapo News, descreve o trabalho como uma fusão entre batidas techno nostálgicas de 2016 e um pop sensual, enquanto Josh Sharpe, do BroadwayWorld, destaca o amadurecimento de Barrett ao criar um som escuro e dançante que busca empoderar e elevar seus ouvintes.
Diferente de seus trabalhos anteriores, “Aftercare” se aprofunda em sentimentos de desejo e decadência romântica, utilizando tropos clássicos do movimento “Amor, sexo e drogas” na música para expandir sua abordagem habitual sobre corações partidos e saúde mental. A presença de sintetizadores etéreos, guitarras distorcidas e linhas melódicas carregadas de reverberação cria uma ambiência densa e dramática. A percussão programada mantém um ritmo hipnótico e envolvente, enquanto os vocais flutuam entre camadas de autotune sutil e momentos de vulnerabilidade crua, trazendo um senso de contraste entre o artificial e o visceral.
A engenharia de som desempenha um papel fundamental na construção da identidade do álbum. O uso de mixagens dinâmicas alterna entre seções de grande impacto e momentos minimalistas, permitindo que a tensão se acumule antes de atingir seu auge emocional. Em faixas como “Russian Roulette”, a estrutura melódica remete à grandiosidade de baladas cinematográficas, enquanto “Never Enough” apresenta camadas vocais trabalhadas para criar um efeito envolvente e quase etéreo. A masterização ressalta a espacialidade dos arranjos, ampliando a profundidade do som e dando ênfase a texturas ricas e detalhadas.
Contudo, o álbum não está isento de deslizes. Faixas como “S.L.U.T.” carecem de sutileza e apostam em repetições exaustivas que diluem sua potência. “Edward Scissorhands” falha ao se apoiar em uma narrativa previsível, enquanto “Disco” parceria com Tommy Genesis parece subdesenvolvida, sem a complexidade sonora que marca os melhores momentos do disco. Essas composições contrastam negativamente com canções como “Passenger Princess”, que equilibram acessibilidade pop e profundidade estética sem comprometer a coesão do projeto.
A produção assinada por nomes influentes da cena alternativa garante um acabamento polido ao álbum, embora em alguns momentos isso resulte em uma suavização excessiva das composições mais agressivas. O uso de sintetizadores analógicos e modulações digitais cria um jogo de tensão entre passado e futuro, remetendo à estética synthwave, mas adaptada a um contexto mais atmosférico.
No entanto, é no núcleo emocional do disco que Barrett realmente se destaca. “Dirty Little Secret” e “Babydoll” apresentam um design sonoro meticulosamente construído para evocar sensações de angústia e libertação. As guitarras processadas e os sintetizadores em camadas criam uma atmosfera opressiva, onde cada elemento instrumental é cuidadosamente posicionado para maximizar seu impacto emocional.
No ápice da experiência está “Stay Alive”, um dos momentos mais imersivos da carreira da artista. A faixa combina arranjos grandiosos com um crescendo emocional sustentado, culminando em uma explosão sonora onde as progressões harmônicas se desdobram em um clímax arrebatador. A combinação de sintetizadores modulares e texturas vocais manipuladas digitalmente reforça a sensação de deslocamento que permeia todo o álbum.
“Aftercare” é uma demonstração do talento de Nessa Barrett em transformar dor em uma experiência sonora imersiva. Mesmo com algumas faixas menos inspiradas, os momentos de genialidade são construídos sobre bases técnicas sólidas, onde a produção detalhista e as escolhas estéticas se combinam para criar um impacto emocional duradouro. Ao invés de simplesmente tocar o coração do ouvinte, Barrett projeta um álbum que o absorve completamente, guiando-o por um universo onde a vulnerabilidade e a grandiosidade coexistem em perfeita dissonância.
Nota final: 70/100
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