Adaptado de um conto de Stephen King, “O Macaco” traz a assinatura de Osgood Perkins na direção e roteiro, enquanto James Wan assume a produção. O filme se propõe a expandir a narrativa concisa da obra original, dando um tom diferente ao conceito de um brinquedo possuído que causa mortes a cada badalar de seus címbalos. A questão central é se essa expansão se justifica dentro do formato cinematográfico.
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A história segue os gêmeos Bill e Hal (Theo James), que descobrem o macaco de brinquedo no sótão de seu pai, desencadeando uma série de eventos macabros. O roteiro de Perkins e King toma a decisão de aumentar o escopo temporal da trama, explorando como o trauma infantil permeia a vida adulta dos protagonistas. No entanto, a abordagem é desigual: em vez de se aprofundar no horror psicológico que caracteriza o melhor da obra de King, o filme opta por um humor negro autodepreciativo, que distancia a tensão e enfraquece o impacto das mortes.
Ao expandir o material original, o longa parece oscilar entre um horror autêntico e uma comédia sombria, sem encontrar um tom consistente. Se por um lado essa abordagem permite sequências criativas e exageradas, por outro impede que o espectador se envolva emocionalmente com a trama.
Osgood Perkins é conhecido por um estilo atmosférico, mas “O Macaco” assume uma direção menos sutil, apostando em uma fotografia mais convencional e no uso de cores saturadas para acentuar a surrealidade dos eventos. O design do macaco, um elemento crucial para o terror, é funcional, mas sua presença poderia ter sido melhor utilizada. Em vez de enfatizar sua natureza inquietante, Perkins recorre a uma abordagem que beira o cômico.
A montagem privilegia cortes rápidos e enquadramentos sugestivos que reforçam o suspense, mas algumas sequências carecem de um ritmo mais bem calibrado. A trilha sonora de Christopher Young, embora eficaz, não adiciona um elemento distintivo à produção.
Theo James entrega uma atuação competente, mas limitada pelo roteiro. A dinâmica entre os gêmeos, essencial para a trama, não é suficientemente explorada. Elijah Wood se destaca com uma presença excêntrica, mas o elenco como um todo não recebe material suficiente para criar personagens tridimensionais. Tatiana Maslany e Christian Convery também têm presenças pouco impactantes, tornando difícil o investimento emocional do público na história.
A ideia de trauma geracional é sugerida, mas nunca totalmente desenvolvida. O filme poderia ter explorado o conceito de objetos amaldiçoados como uma extensão dos medos e fobias humanas, mas acaba se limitando a um jogo de mortes exageradas que não possuem peso narrativo. Enquanto Stephen King frequentemente trabalha com horrores que simbolizam aspectos psicológicos profundos, “O Macaco” opta por uma abordagem mais direta e menos complexa.
“O Macaco” é um filme que tem seus momentos de criatividade e entretenimento, mas que carece da profundidade e da coesão tonal necessárias para se destacar como uma adaptação memorável de Stephen King. Sua insistência em um humor autoconsciente impede que o horror tenha o impacto desejado. No fim, o longa se perde entre a farsa e o terror, entregando um produto que pode divertir, mas dificilmente marcará os fãs do gênero.
O filme chega aos cinemas do Brasil no dia 6 de março de 2025.
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