“Piano de Família” equilibra drama e tensão sobrenatural com uma precisão que poucos filmes conseguem. Baseado na obra de August Wilson, o longa mergulha em questões de herança, memória e as cicatrizes ainda abertas da escravidão. É um daqueles filmes que prendem pela força do texto e pela profundidade das atuações.
O filme se destacou na shortlist divulgada pelo Oscar e também apareceu em previsões de renomadas publicações, como a Variety. Além disso, segue em campanha para a premiação marcada para março de 2025.
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A trama, situada na década de 1930, coloca o piano da família Charles como epicentro de um conflito devastador. Boy Willie (John David Washington) vê nele a chance de transformar o passado em algo lucrativo, comprando terras que simbolizam um triunfo econômico sobre seus antigos opressores. Já Berniece (Danielle Deadwyler) enxerga o instrumento como uma âncora para suas raízes, um objeto carregado de história e identidade. Essa dualidade entre progresso e preservação é o coração pulsante do filme.
Samuel L. Jackson, como o patriarca Doaker, entrega uma performance contida e sábia, enquanto Washington e Deadwyler brilham intensamente em cenas de confronto que são, ao mesmo tempo, dolorosas e eletrizantes. Washington imprime uma intensidade feroz ao seu personagem, enquanto Deadwyler dosa vulnerabilidade e força de forma magistral. Todo o elenco, aliás, está em sintonia, dando vida a um texto que exige profundidade e entrega.
Embora a dinâmica familiar seja o grande motor da narrativa, os elementos sobrenaturais adicionam uma camada interessante. No entanto, o fantasma de Sutter, um dos antigos escravocratas, poderia ter sido abordado com mais sutileza. Ao apostar em uma abordagem mais explícita, o filme sacrifica parte do impacto emocional que uma atmosfera de casa mal-assombrada mais contida poderia oferecer.
“Piano de Família” é um filme que faz pensar, mas que também cativa pela força do seu drama humano. Mais do que um simples conflito familiar, é um estudo sobre como lidamos com nossas histórias pessoais e coletivas. Para quem acompanha as adaptações de August Wilson produzidas por Denzel Washington, este é mais um exemplo de como o autor segue relevante e poderoso no cinema.
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