O disco “F-1 Trillion” marca um ponto de inflexão na carreira de Post Malone, que mais uma vez demonstra sua capacidade de romper barreiras estilísticas e reinventar sua música. Este sexto álbum, com um mergulho completo na música country, exibe um artista que amadureceu artisticamente ao ponto de dominar um gênero amplamente diferente de suas origens. A presença de colaborações robustas com nomes como Tim McGraw, Dolly Parton e Chris Stapleton enriquece o projeto, conferindo autenticidade e profundidade à sua nova fase.
Post Malone tem apresentação confirmada no Brasil em 2024, no festival Villa Mix, para detalhes sobre ingressos, clique aqui.
A produção, conduzida por Louis Bell, Charlie Handsome e Hoskins, merece atenção técnica. Cada faixa é construída com cuidado meticuloso para equilibrar a estética clássica do country com a assinatura vocal de Malone. Instrumentalmente, o uso de guitarras acústicas e slide guitars é proeminente, criando paisagens sonoras que remetem ao coração do gênero. O álbum mantém o espírito country enquanto abraça nuances contemporâneas, com escolhas de mixagem que destacam a emotividade vocal de Malone sem ofuscar a riqueza instrumental.
Os singles lançados antes do álbum revelaram as intenções claras de Post Malone para este projeto. “I Had Some Help”, em colaboração com Morgan Wallen, é um exemplo de como suas habilidades vocais se fundem com a narrativa lírica do country. Em “Pour Me a Drink”, ao lado de Blake Shelton, Malone entrega uma performance que carrega intensidade emocional e apelo radiofônico, solidificando a faixa como um dos pontos altos do álbum. Já “Guy for That”, com Luke Combs, demonstra um arranjo mais introspectivo que, embora inicialmente menos impactante, cresce em força à medida que se aprecia sua estrutura melódica.
O álbum inteiro é permeado por colaborações que funcionam como diálogos musicais. A parceria com Dolly Parton é especialmente memorável, com as vozes dos dois artistas criando uma sinergia inesperada. Pequenos ajustes na produção, como o uso de autotune discreto na voz de Parton, refletem um cuidado técnico que prioriza o equilíbrio entre tradição e modernidade. Em faixas como “Devil I’ve Been”, Malone explora dinâmicas rítmicas que evocam influências de subgêneros como o country tropical, enquanto “Losers” destaca a força narrativa típica do gênero.
A versão estendida do álbum, lançada poucas horas após a original, adiciona camadas ainda mais íntimas ao projeto. As nove faixas solo incluídas na edição “Long Bed” mostram um Post Malone confiante em seu domínio do estilo. “Fallin’ in Love” e “Back to Texas” são particularmente notáveis por capturar um tom melancólico que amplifica a profundidade emocional do álbum como um todo. É nesse contexto que o álbum se transforma em uma experiência coesa e pessoal.
“F-1 Trillion” reafirma a habilidade de Post Malone de se reinventar enquanto mantém uma conexão sincera com seus ouvintes. Este projeto é uma declaração artística sólida. Malone demonstra que sua paixão pela música country é genuína, e isso transparece em cada elemento do álbum, desde a composição até os arranjos. O resultado é um trabalho que soa autêntico e acessível, tornando-se um dos pontos mais altos de sua carreira até o momento.
Nota final: 80/100