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Crítica: “Reacher” (3ª Temporada)

A essa altura, já dá pra dizer que “Reacher” encontrou seu próprio manual de instruções. A série adaptada dos livros de Lee Child entendeu, desde a primeira temporada, que funciona melhor quando aceita ser o que é: um bom thriller policial com um protagonista quase sobre-humano e cenas de ação milimetricamente calculadas para agradar quem gosta de ver ossos quebrando com som estalado e close dramático. Alan Ritchson segura tudo no muque, literal e figurativamente, mas a terceira temporada começa a dar sinais de cansaço na fórmula.

Crítica: “Reacher” (3ª Temporada)

Desta vez, o ex-militar gigante e imbatível se infiltra numa organização criminosa em Portland. O pano de fundo tem DEA, conspiração e um vilão de terno com passado podre. Tem também uma informante sequestrada, um guarda-costas digno de videogame e um filho introspectivo que humaniza o chefão. O problema é que a trama se movimenta por atalhos meio frouxos, forçando decisões pouco coerentes em personagens que até então pareciam inteligentes. E quando isso acontece numa série que depende de tensão e estratégia, a coisa perde impacto.

É verdade que “Reacher” ainda entrega ação com competência e estilo, mesmo com uma geografia mais limitada e menos espetáculo explosivo. Há boas lutas, tiroteios secos e momentos em que o carisma de Ritchson compensa buracos no roteiro. Mas o maior trunfo da série sempre foi o equilíbrio entre brutalidade e coração. E é justamente esse coração que bate mais fraco agora.

O elenco de apoio, que costuma renovar o fôlego da história a cada temporada, surge menos memorável. Maria Sten até retorna como Frances Neagley, mas fica quase toda a temporada à distância, como apoio logístico. A nova parceira de missão, vivida por Sonya Cassidy, só ganha profundidade nos episódios finais. Falta química, falta tempo de tela para conexões, falta densidade. Até o romance de Reacher aqui parece mais burocrático que impulsivo, mais um item de checklist do que algo com alguma tensão genuína.

Ainda assim, há méritos. Um episódio em particular, que revisita o passado militar de Reacher, consegue ser mais emocional e sombrio do que qualquer outro da série até agora. É nele que a terceira temporada mostra do que seria capaz caso tivesse abraçado mais o lado humano por trás do tanque de guerra que protagoniza a história.

A reta final dá um gás. O clímax oferece recompensa visual e narrativa, ainda que alongado demais. E o vilão, vivido por Anthony Michael Hall, finalmente ganha alguma vulnerabilidade, o que impede que a temporada termine como um enfileirado de clichês. Mesmo escorregando aqui e ali, “Reacher” ainda é muito assistível, principalmente porque sabe o que seu público espera — e entrega.

Mas se a série quiser continuar relevante por mais três, quatro ou dez temporadas (e o Prime Video provavelmente quer), vai precisar fazer mais do que repetir a mesma fórmula com roupa nova. Reacher pode quebrar braços com facilidade, mas sustentar emoção e surpresa exige um jogo mais fino. E essa musculatura dramática parece, por ora, pouco exercitada.

“Reacher”
Criação: Nick Santora
Direção: Nick Santora
Elenco: Alan Ritchson, Sonya Cassidy, Anthony Michael Hall, Maria Sten
Disponível em: Prime Video

Avaliação: 3 de 5.

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