“Rua do Medo: Rainha do Baile” marca o retorno à Shadyside High em um cenário tipicamente norte-americano: o baile de formatura dos anos 1980. O quarto filme da antologia inspirada nos livros de R. L. Stine parte de uma premissa familiar mas tenta injetar uma nova energia slasher nostálgica ao substituir a direção de Leigh Janiak pela assinatura mais crua e direta de Matt Palmer . O resultado, no entanto, é um filme visualmente coerente, mas estruturalmente irregular e distante da coesão narrativa que consolidou o sucesso da trilogia original.
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O longa, coescrito por Palmer e Donald McLeary, acerta ao capturar o espírito de um terror retrô, tanto na ambientação quanto na trilha sonora. A fotografia aposta em cores neon e ângulos expressionistas que remetem diretamente ao cinema de horror adolescente dos anos 80 e início dos 90. A trilha, composta pelos irmãos Newton (colaboradores frequentes de Mike Flanagan), mescla sintetizadores sombrios e faixas-tema da época com inteligência estética. Os acertos visuais e sonoros, no entanto, contrastam com uma execução narrativa desarticulada.
O enredo segue fórmulas clássicas do subgênero slasher, mas evita qualquer renovação. Uma forasteira ousada entra na disputa pelo posto de rainha do baile, e a sequência de assassinatos começa a eliminar as concorrentes uma a uma. A previsibilidade do arco seria tolerável caso o roteiro oferecesse personagens com densidade ou diálogos minimamente críveis. O que se vê, no entanto, é um desfile de estereótipos mal costurados, com personagens genéricos e falas que soam artificiais. A construção dramática é rasa, e a mitologia já estabelecida na trilogia anterior é ignorada em favor de um terror superficial.
As atuações são funcionais, mas não memoráveis. Suzanna Son, revelada em Red Rocket, oferece um desempenho expressivo e magnetizante, sendo um dos poucos elementos que realmente capturam a atenção. Chris Klein, em papel coadjuvante, traz uma camada interessante de nostalgia, embora mal aproveitada. O elenco jovem, liderado por India Fowler, Fina Strazza e Ella Rubin, tem bons momentos individuais, mas carece de química coletiva. A ausência de uma figura central carismática prejudica o envolvimento do espectador com os riscos propostos pela trama.
A violência gráfica é, de longe, o principal atrativo do filme. A direção de Palmer acerta nas cenas de morte, com destaque para a criatividade nos assassinatos e para o uso do gore em cenas curtas, mas impactantes. Mãos decepadas, rostos serrados e sangue coagulado emolduram um espetáculo que empolga, ao menos visualmente, os fãs do gênero. No entanto, a edição apressada e a falta de construção de tensão comprometem o impacto narrativo dessas sequências.
O ritmo é o maior obstáculo da experiência. Apesar da curta duração (88 minutos), o filme sofre com uma montagem fragmentada que prejudica a progressão dramática. Não há um fluxo coerente entre os atos, e o clímax surge de maneira abrupta, sem o peso emocional que deveria acompanhar a resolução. Além disso, o filme falha ao expandir a mitologia da série, entregando um capítulo desconectado e de baixa ambição narrativa. A sensação final é a de um spin-off que se esgota em si mesmo, comprometendo a continuidade e o valor agregado da franquia.
“Rua do Medo: Rainha do Baile” tenta resgatar o terror adolescente com um olhar nostálgico e uma estética vibrante, mas tropeça ao negligenciar o que tornou os filmes anteriores interessantes: personagens marcantes, subtexto social e consistência tonal. Apesar de visualmente competente e pontualmente brutal, é um capítulo esquecível e derivativo, que corre o risco de diluir o apelo da série a longo prazo.
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