“Separados pelas Estrelas” é aquele tipo de animação que mira alto, mas se destaca mesmo é quando mantém os pés no chão. A história entre Nan-young, a cientista determinada, e Jay, o músico de alma analógica, carrega um charme singelo que funciona melhor do que toda a grandiloquência interplanetária ao redor. O romance aqui é a verdadeira força gravitacional.
Mubi promove exibição gratuita de “Twin Peaks” no Cine Marquise

Ambientado em uma Seul futurista no ano de 2050, o filme constrói um mundo visualmente vibrante, onde neons e brilhos criam um pano de fundo quase etéreo para uma trama de afetos muito terrenos. A animação é belíssima, com clara inspiração em animes modernos, mas com identidade própria — principalmente no uso da iluminação, que enriquece cada cena com tons que variam entre o melancólico e o cósmico. Há alguns tropeços técnicos, como transições de cena abruptas e enquadramentos instáveis, que tiram um pouco da fluidez narrativa, mas nada que afunde a experiência.
A química entre os protagonistas é o que mantém o filme em órbita. Jay, com seu amor por vitrolas e timbres do passado, oferece um contraponto aconchegante à trajetória de Nan-young, que está prestes a literalmente deixar o planeta para encontrar a mãe perdida em Marte. O contraste entre o analógico e o digital, entre a música terrestre e o silêncio espacial, é um dos pontos mais delicados do roteiro. E quando o filme foca nesse cotidiano estranho e belo, ele brilha.
O problema aparece mesmo no terceiro ato. O filme tenta se elevar emocionalmente a um nível que não construiu com a mesma intensidade até ali. Os elementos mais introspectivos o luto, o desejo de reconexão, a memória são abordados, mas não desenvolvidos com profundidade. Ficam em fragmentos: pesadelos, frases soltas, olhares perdidos no horizonte. Existe ali uma tentativa de mergulhar em temas como ausência e legado, mas ela afunda sob o peso de um clímax inflado e emocionalmente forçado.
Ainda assim, “Separados pelas Estrelas” entrega o que promete: um romance sci-fi com atmosfera acolhedora e visual interessante, perfeito para quem busca uma história de amor que atravessa galáxias, mas que sabe que as emoções mais fortes costumam nascer bem aqui, entre dois corpos próximos. A comparação com “Spaceman” até faz sentido, mas este filme prefere a delicadeza ao invés do existencialismo pesado. E nisso, ele acerta.
Fique por dentro das novidades das maiores marcas do mundo! Acesse nosso site Marca Pop e descubra as tendências em primeira mão.