O cinema de Yorgos Lanthimos raramente entrega respostas fáceis, e “Tipos de Gentileza” é um lembrete cruel e fascinante disso. O diretor grego mergulha em territórios desconfortáveis para explorar como gestos de bondade podem mascarar intenções sombrias ou gerar consequências inesperadas. É um filme que força o público a encarar o preço dessas pequenas gentilezas e os sistemas que as moldam.
O filme apareceu em previsões de renomadas publicações, como a Variety. Além disso, segue em campanha para a premiação do Oscar, marcada para março de 2025.
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Dividido em três histórias interligadas, o filme tece uma narrativa que oscila entre o macabro e o filosófico. Cada segmento aborda protagonistas enfrentando dilemas em que a compaixão se mistura ao desespero. Jesse Plemons, em uma atuação impressionante, dá vida a um homem tentando retomar o controle de sua existência em meio ao caos. Enquanto isso, um enigmático Willem Dafoe, como policial, enfrenta o retorno perturbador de sua esposa desaparecida. E Emma Stone, sublime como sempre, lidera a última parte, trazendo à tona os limites de fé e obsessão em uma busca espiritual que desafia tudo o que é considerado humano.
O que Lanthimos faz aqui é brilhante. Ele usa o elenco repetidamente em diferentes papeis, como peças de um quebra-cabeça que nunca se encaixa completamente. Isso não só confunde a percepção, mas obriga o público a olhar além da superfície, um truque narrativo que lembra “Cloud Atlas”, mas com o desconforto e a crueldade típicos de Lanthimos.
As perguntas levantadas pelo filme são tão hipnotizantes quanto às respostas que ele evita dar: quem define o significado da gentileza? Os sistemas que controlam nossos corpos e nossas escolhas merecem deferência ou rebeldia? “Tipos de Gentileza” não é um filme que mastiga essas ideias para você, ele prefere empurrá-las goela abaixo com um toque de ironia cáustica e uma trilha sonora que parece penetrar no seu subconsciente (aquele piano ficará com você por dias).
Entre os destaques, é impossível ignorar o trabalho de Margaret Qualley, que está vivendo um momento extraordinário em sua carreira. Sua presença na terceira história adiciona camadas de fragilidade e força que ecoam nos atos de Emma Stone. Ainda assim, é Plemons quem rouba a cena, provando mais uma vez que é um dos grandes atores desta geração.
Para os fãs de Lanthimos que esperam algo tão acessível quanto “A Favorita”, aqui vai o aviso: esse filme é muito mais próximo do experimentalismo inquietante de “Dente Canino”. Não espere conforto; espere ser desafiado, desconcertado e, em muitos momentos, repelido.
No final das contas, “Tipos de Gentileza” é menos sobre respostas e mais sobre a reflexão que ele provoca. Yorgos Lanthimos entrega um conto cruel sobre sistemas de controle e as maneiras grotescas como os humanos tentam encontrar sentido neles. E mesmo quando não há sentido, o filme encontra beleza no caos.
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