Sete anos após o último álbum com o NX Zero, Di Ferrero está de volta com seu primeiro disco de sua carreira solo. “:( Uma Bad, Uma Farra :)”, que chega nesta sexta-feira (6), traz 12 faixas e algumas participações mais que especiais: Vitor Kley, Clarissa, Badauí e Junior Lima. Segundo Di, o lançamento aconteceu depois que ele se sentiu 100% seguro para liberar o material de inéditas.
Em um bate-papo com o Caderno Pop, Di contou que o álbum foi todo criado em Florianópolis, onde ele vive boa parte do tempo atualmente. A produção ficou por conta do renomado trio Los Brasileros, que ficou em Floripa durante todo o tempo para conceber junto a Di o novo projeto.
O álbum tá com 12 faixas bem condensadas, na casa dos dois, menos de três minutos. Você estava planejando fazer um álbum um pouquinho mais curto, porém mais intenso na questão das letras? E já faz sete anos que você não lançava nada completo, desde o NX Zero, mas nunca parou, sempre veio com vários singles. Por que só agora um material full?
Muito louco você falar da duração porque eu nunca tinha parado pra pensar. É verdade, as músicas são mais, não vou falar mais curtas porque elas são do tamanho que têm que ser né? Mas elas estão mais viscerais né? Mais “power”, pelo menos o recado tá dado. Eu tô há um tempo numa carreira solo, mas para mim o álbum é uma coisa muito grande, né, tipo é um momento muito incrível e eu comecei a compor alí no pós-apocalíptico do Covid e aí eu também comecei a compor ele de uma outra forma, né? Eu comecei a fazer feat, fiz um monte de coisa, experimentei na minha carreira solo coisas que eu não fazia porque eu fazia sempre as músicas com as mesmas pessoas, né, do NX, o que era do caralho também, mas vivi outras coisas e tal até passar a pandemia, e eu mudar, fui para Floripa, pegar um quarto ali que é de hóspedes, colocar o colchão na parede, lençou de outro lado, uma mesinha, computador e começa a compor e e foi tipo, sem pretensão e como se fosse uma volta para casa. Eu me senti seguro para dar a cara a tapa assim para fazer um álbum solo, que é muito grande para mim isso, como eu disse, então é por isso que é só agora, no momento certo assim para mim sabe. E os sons dizem muito desse momento, né dessa dessa montanha-russa, dessa bad, dessa farra, mas eu encaro isso de uma maneira muito mais calma mais tranquila, tipo não é para ser depressivo e eufórico, não é uma coisa, tipo cara, é a vida, então essa reflexão em sair em vários sons, momento que você tá feliz, tá apaixonado, tá triste, tá vivendo uma loucura, tá com raiva… por isso que o álbum tem esse esse momento, é uma coisa só né? Você tá contando música por música, mas você tem que contar no geral, né? É uma música de 40 minutos. É um álbum, um momento, não é um single.
O álbum foi praticamente 100% eh produzido, composto, gravado em Floripa. Você acha que talvez se você não estivesse em Floripa, mas em São Paulo, ele teria saído de uma forma diferente. Ou talvez não teria saído ainda?
Foi importante porque o álbum, esse álbum para mim é uma volta para casa tipo em vários sentidos. De som, é uma mistura do que eu já fazia lá atrás com NX, junto com as coisas que eu fiz na carreira solo. E lá eu conseguia ficar concentrado para isso, tanto é que os produtores, Los Brasileros, em vez de eu ir fazer a música no estúdio, eu chamei eles para irem para lá, pra gente pegar a vibe do lugar. Tem até minha cacatua no álbum, dando uns gritos (na faixa que abre o disco, “TWITT3R”), tem tudo que tá rolando na casa. E aí, tudo isso tá tá dentro desse contexto, sacou, e realmente foi uma volta para casa. Então eu tava me sentindo em casa, num lugar improvisado, tudo me deu uma memória afetiva de como era lá atrás quando eu comecei a fazer som. Eu tava me sentindo inspirado lá e seguro.
Você trouxe o Vitor Kley para participar do álbum, que é de Santa Catarina. Ter a presença de alguém que é da da região fez sentir um pouquinho mais seguro? Ele foi seu parceiro durante a concepção do álbum ou ficou só na participação em “Intensamente”?
Na real eu fiquei mostrando as músicas para vários amigos meus o tempo inteiro, e vários amigos meus de infância assim falaram ‘pô, isso aqui eu vejo você, isso aqui tem sua cara’ e o Vitor virou um amigo. Aí eu falei ‘vamos chegar em casa’ e ele ‘tô com os meus pais’, eu falei ‘traz seus pais também’. Aí ele levou os pais, meu pai tava na minha casa, e aí eles passaram o dia lá juntos. Eu e o Vitor passamos o dia nesse quartinho, nesse estúdio improvisado, e e eu pedi para ele cantar uma música do álbum que a gente começou a fazer pelo Facetime, que chama “Sorte”, que é uma balada do álbum. Aí ele ‘pô, adorei essa música tá, mas eu gostei mesmo dessa aqui’, que é a “Intensamente”. Ele que escolheu na real trocar de música, eu falei ‘lógico’. E com a Clarissa, eu conheci a voz antes dela. Na “Descansa” eu precisava de uma voz feminina no sentido de de timbre. Eu achei a voz dela muito boa, então teve essa essa conversa entre as músicas, entre a letra, tipo uma conversa de um cara com uma uma outra pessoa ali. O Badauí é o cara que me ajudou a vida inteira, tipo me deu me deu a mão sempre, desde o começo, sabe quando tem um artista novo a galera geralmente julga. Ou não ajuda ou sei lá, põe de lado. Aí eu quis celebrar com “Um Brinde”. O Junior Lima é um grande irmão meu e eu acho ele um cavalo tocando bateria, toca muito, e eu precisava do energia assim em “Amanhã Quem Sabe”. Todos os feats foram de amigos, foram foram de pessoas que eu gosto. O álbum foi totalmente em cima disso, dessa volta para casa.
Você já tá fazendo alguns shows, né? Mas agora sobre “:( Uma Bad, Uma Farra :)”, já planejou a turnê desse álbum? Vai ser uma coisa mais nostálgica com algumas músicas do NX Zero, vai ser puxado mais pra carreira solo?
Sim, tenho vários, alguns shows já estão marcando já, algumas coisas, algumas datas, inclusive tá bem legal, tem bastante coisa sendo marcada, mas eu não vou fechar um repertório, fazer só esse aqui para cada show. O meu show tem um pouco de tudo, tem as músicas da minha vida, da minha carreira solo, tem as músicas do NX que eu que eu gosto de tocar, né? Eu também escrevi elas. Tem também músicas que eu gosto, pessoas que tão participando, então cada show eu tô chamando gente pra participar. Eu quero sempre chamar alguém para participar do show comigo, eu quero continuar tendo essa troca que eu tinha menos na época da NX. Na minha carreira solo eu fiz bastante feat, bastante coisa, e isso agrega muito pro show e eu não quero deixar um repertório fechado. Mas vai ter de tudo no meu show, claro que eu vou focar no meu álbum que é a tour do álbum, mas vai ter de tudo.
Você já fez feat com a Iza, Thiaguinho, então tem pagode, pop, soul, R&B, isso te ajudou a ampliar um pouquinho o horizonte na questão de sonoridade? O repertório do álbum tá mais focado no no pop rock, mas essas participações que você fez contribuíram de alguma forma para você trazer outros mundos?
Eu não sou esse cara que vai falar ‘não, nunca, mas eu acho que ter personalidade não é você fazer a mesma coisa a vida inteira, é você ser você em lugares diferentes. Sempre ser você, é o que eu acho sobre personalidade. Tem gente que não concorda, tem gente que acha que personalidade é fazer a mesma coisa e quando você tentar algo diferente, fala ‘ah, tá indo na tá indo na moda, tá indo na levada de alguma coisa’. Eu não eu não sou desse dessa linha de pensamento. Um, porque é natural meu, como geminiano até, tentar falar, conversar e ver coisas diferentes, mas é que agora eu tô me sentindo, como eu disse, uma volta para casa, então tá mais rock and roll, tá mais pop rock, tá mais nesse caminho, né? E tudo isso que eu fiz com a Iza, com o Thiaguinho, foi muito importante porque eu sempre fiz músicas com uma mesma galera do NX que foi foda. No começo da minha carreira solo eu me joguei para tudo quanto é lado mesmo para tentar viver uma coisa que eu não tinha vivido ainda, fazer música com uma galera que faz funk, ‘mas eu quero fazer umas caminha não de funk, eu quero que vocês façam uma música minha’. Galera que faz outros estilos de som, que nem a galera do Hitmakers, que são os produtores que fazem funk. Eu fui pro Rio fazer uma música com eles, de repente eu tava no estúdio que era do filho da Elba Ramalho, aí a Elba tava lá comigo no estúdio, aí eu comecei a fazer uma música que parecia, que não tinha nada a ver com funk, que chama “Viver Bem”. Então eu não vou me prender a fazer alguma parada assim, eu não vou me pôr limite antes de tentar fazer. Se eu fizer e não ficar bom, eu não lanço, é mais fácil. Só que no álbum eu fiz assim, depois de dar esse rolezão todo, eu preferi voltar para um quarto improvisado, chamar as mesmas pessoas para eu fazer um momento só, que é o álbum sacou? Foi muito importante isso cara, porque é, tipo, eu conseguia abrir a cabeça e ver outras paradas que eu tava precisando. Hoje com 36 anos, já tendo lançado vários álbuns, tipo, eu nunca fiz o que eu tô fazendo agora que é lançar um álbum solo. Então eu tô bem seguro para lançar, tem que estar bem seguro para dar essa cara tapa nesse momento, não me comparar ao Di de antes, não me comparar nada a nenhum projeto que eu tive antes, fazer isso aqui agora sem me preocupar com com as outras coisas. Então foi importante tudo isso e eu fazendo essa essa análise, desde o começo de NX, depois a minha carreira solo, tá no momento certo, sabe? Eu tô empolgado, feliz e seguro.