O duo mineiro Almanac, formado por Dave e Lester, lançou a track “Baile”, uma parceria com o DJ e produtor Ricci. A música traz muita referência do funk carioca – um universo que conversa muito com a personalidade do duo. “Baile” vem junto com um videoclipe que transmite uma associação direta com o movimento musical das favelas, ambientando a temática dos “pegas” de carros. Formado em Lagoa da Prata, MG, o duo agora mora em São Paulo, capital.
A relação do Almanac com a cultura da favela tem sido cada vez mais forte. No ano passado, o duo lançou uma música chamada “Pa Pa Pa (Vai)”, cujo clipe foi gravado na comunidade da Rocinha, a maior favela da América Latina. Em breve, o duo também lançará um set no YouTube, transmitido em plena laje de uma comunidade na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Em um papo com o Caderno Pop, Lester, do Almanac, contou mais sobre esse set, “Baile” e claro, música. Segundo ele, o duo começou a tocar em bares e pubs de Minas, quando ainda a região não tinha um cenário eletrônico formado. “Tudo foi se desenvolvendo depois que o nosso projeto foi crescendo na região. Foi tudo online, a gente consumia muito no dia a dia a música eletrônica. O Davi resolveu comprar uma controladorazinha ligada ao notebook e bora ser DJ. Eu trabalhava numa agência de shows e era designer, fazia as artes de flyer de eventos. Meu patrão ia fazer um evento e um DJ falhou, aí ele chamou a gente e tocamos com banda de rock, sertanejo, e foi assim nos dois primeiros anos, tocando dividindo lines com essa galera, principalmente fazendo transição de shows, não era aquela apresentação consolidada”, lembra.
Em março o duo lançou “Baile”, em parceria com Ricci, com um pegada de funk, um tipo de som que o Almanac curte. Apesar de ter apenas um leve vocal, Lester conta que atualmente o cenário eletrônico mira agora trabalhos com compositores e produtores, levando mais participações. “Os grandes caras do eletrônico, Martin Garrix, Calvin Harris, fazem isso há anos de convidar caras de outros meios par participar, de cantar na música e isso tá cada vez mais comum, porque a música eletrônica ficou muito tempo em volta disso que é a ‘Baile’, por exemplo, que é focada no drop, arranjo e não tem muito uma melodia, um negócio cantado. A música fala ‘welcome to the baile beat’, e dropa, o tempo inteiro, a maioria das músicas eletrônicas são assim. A gente não tem nenhum problema com nenhuma das duas, mas o lance de trabalhar com compositores e vocal consegue quebrar barreiras e atingir mais pessoas”, conta.
Lester conta que, antes de “Baile”, a track “Underground” segue a linha de vocais. Originalmente a faixa era voz e violão, criada por um amigo do duo, e fizeram uma versão eletrônica lançada como uma versão atualizada. “A gente prefere deixar a inspiração bater”, completa. O clipe, por sinal, é um jogo chamado “Stardew Valley”, que gera um tipo de boneco em 8-bit. “A gente refez os bonecos no jogo e é uma game play”, acrescenta.
Além de “Baile”, o Almanac também tem o funk em outras faixas, como “Pa Pa Pa (Vai)” cujo clipe foi gravado na favela da Rocinha. E vai ser em uma comunidade que o duo vai lançar no YouTube um set gravado recentemente, com várias faixas e levando a música eletrônica dos mineiros para um novo patamar. Artistas da Virgin no Brasil, a partir dos próximos meses a expectativa do duo é ter a música levada para outros países devido ao alcance mundial da gravadora e distribuidora. “Tô ansioso pra ver como vai ser isso”, finaliza.