Thaís Ramos é uma talentosa atriz e publicitária formada pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e pela Escola Sesc de Artes Dramáticas. Desde 2018, ela tem se destacado em diversas montagens teatrais, construindo uma sólida carreira nos palcos. Atualmente, Thaís integra o elenco do espetáculo “O Gênio da Lâmpada e o Tempo“, onde interpreta a personagem Sophia.
“O Gênio da Lâmpada e o Tempo” teve sua estreia no Teatro Firjan Sesi, em Duque de Caxias. A obra infanto-juvenil, que é uma produção da Lamims Produções em parceria com o coletivo Confraria Nau dos Loucos, explora a relação das crianças com os dispositivos eletrônicos modernos e incentiva um olhar crítico sobre a influência da tecnologia na formação e desenvolvimento infantil.
Idealizado por Erick Galvão, com texto de Karla Muniz Ribeiro e direção geral do dramaturgo Wellington Júnior, a história do projeto gira em torno do garoto Zeca, que deseja que seus amigos deixem os celulares de lado e voltem a brincar com ele. Para realizar esse desejo, Zeca conta com a ajuda especial de um Gênio da Lâmpada, embarcando em uma aventura que transcende o tempo e os leva a redescobrir brincadeiras e cantigas populares antigas.
O espetáculo reflete sobre as infâncias na Baixada Fluminense, no Nordeste e nas periferias, resgatando tradições folclóricas que muitas crianças de hoje não conhecem. A produção utiliza uma abordagem lúdica e criativa para falar sobre como as crianças lidam com o tempo e os dispositivos eletrônicos modernos, como computadores, smartphones e tablets. Ele se apresenta como uma iniciativa cultural de grande importância no contexto atual, onde a presença crescente da tecnologia na vida das crianças levanta questões relevantes.
Em entrevista exclusiva, a artista compartilha os bastidores do emocionante espetáculo. Ela fala sobre como surgiu a oportunidade de integrar “O Gênio da Lâmpada e o Tempo“, descreve o processo criativo envolvido na construção de sua personagem e reflete sobre a importância do projeto, que combina elementos educativos e culturais.
Além disso, Thaís nos conta como a peça tem impactado o público e como espera que ela gere diálogos significativos sobre o uso da tecnologia na infância. Confira agora a entrevista:
Conta um pouco sobre como surgiu a oportunidade de integrar o espetáculo “O Gênio da Lâmpada e o Tempo”?
Ah, essa é uma história que me enche de alegria! A oportunidade de integrar o espetáculo “O Gênio da Lâmpada e o Tempo” surgiu de uma maneira muito especial. Tudo começou dentro da sala de aula, durante um curso de formação de atores, onde todos nós nos conhecemos. A princípio era algo mais teórico mesmo, onde a professora na época pediu pra gente formar grupos para a matéria dela e ir desenvolvendo um projeto. E naturalmente, nosso grupo se formou pela afinidade que desenvolvemos ao longo dos semestres anteriores.
A cada semana, nos reuníamos em sala de aula para desenvolver a ideia do projeto. Era um processo muito colaborativo e enriquecedor. Até que um dia, Érick, um dos integrantes do grupo, nos surpreendeu ao dizer que havia inscrito nosso projeto em um edital. Todos ficamos extremamente felizes e ansiosos aguardando o resultado.
Depois de alguns meses de espera, recebemos a notícia de que nosso projeto havia sido aprovado. Foi um momento de pura emoção! O coração começou a acelerar e a sensação de que algo grandioso estava por vir tomou conta de todos nós. A partir daí, foi só alegria. Ver nosso projeto ganhando vida, saindo do papel e se tornando real, foi uma experiência “chocrível”. Eu estou imensamente feliz e grata por fazer parte dessa jornada incrível.
Como foi participar do processo criativo e, ao mesmo tempo, interpretar Sophia no espetáculo? Você encontrou algum momento em que seu trabalho nos bastidores influenciou sua performance no palco?
Foi uma experiência verdadeiramente mágica, uma jornada de descobertas e aprendizado, pois tivemos muita liberdade para criar e experimentar, que tornou o processo extremamente enriquecedor. A cada semana, eu descobria uma nova faceta da personagem, o que me permitia aprofundar ainda mais na interpretação de Sophia.
O trabalho nos bastidores foi fundamental para a construção da personagem. Mergulhamos profundamente na pesquisa sobre teatro infanto-juvenil, e esse tempo dedicado à investigação e ao entendimento do universo infantil foi essencial para que Sophia ganhasse vida. Cada detalhe, cada nuance que descobríamos durante a pesquisa, influenciou diretamente na performance no palco. Foi uma experiência inesquecível que me proporcionou um crescimento artístico imenso.
Como foi trabalhar junto com a equipe nesse projeto, que tem um forte componente educativo e cultural? Vocês sentem que a peça conseguiu passar a mensagem que queriam sobre a importância de equilibrar o uso da tecnologia na infância?
Trabalhar com a equipe nesse projeto foi uma experiência extremamente gratificante e enriquecedora. Desde o início, sabíamos que estávamos embarcando em uma jornada com um forte componente educativo, que trouxe um senso de responsabilidade e propósito para todos nós.
A colaboração entre os membros da equipe foi essencial para o sucesso do espetáculo. Cada um trouxe suas habilidades, vivências e perspectivas únicas, o que enriqueceu o processo criativo e ajudou a moldar a peça.
Sentimos que conseguimos transmitir a mensagem da peça de forma eficaz. Utilizamos uma abordagem lúdica e envolvente para capturar a atenção das crianças, ao mesmo tempo em que incluímos elementos reflexivos que incentivaram tanto os pequenos quanto os adultos a pensar sobre o tema.
Como você acha que o espetáculo pode impactar a visão das crianças e dos pais sobre o uso de dispositivos eletrônicos? Vocês esperam que a peça gere conversas sobre esse tema em casa?
Acredito que o espetáculo tem um potencial significativo para impactar tanto a visão das crianças, quanto a dos pais sobre o uso de dispositivos eletrônicos. Nossa abordagem foi cuidadosamente planejada para ser acessível e envolvente, de modo que a mensagem pudesse ser compreendida e internalizada por todas as faixas etárias.
Para os pais, o espetáculo serve como um ponto de partida para uma reflexão mais profunda sobre como a tecnologia está sendo utilizada em casa. Para as crianças, mostramos como é possível aproveitar a tecnologia de forma saudável, sem deixar de lado outras atividades importantes, como brincar ao ar livre e interagir com amigos
Esperamos que a peça gere conversas sobre o tema em casa. Acreditamos que o teatro tem o poder de abrir diálogos importantes, e nosso objetivo é justamente criar um espaço onde essas conversas possam acontecer. Após assistirem ao espetáculo, tanto crianças quanto pais podem se sentir motivados a discutir o que viram e a refletir sobre como a tecnologia está presente em suas vidas.
Como foi o processo de pesquisa sobre o teatro para as infâncias? Quais descobertas ou insights mais influenciaram a criação deste espetáculo?
Foi uma jornada profundamente enriquecedora e nostálgica. Nos baseamos intensamente nas memórias pessoais, na territorialidade e nas experiências de infância de cada um. Também exploramos cantigas e brincadeiras tradicionais que nossos pais e avós brincavam quando eram crianças.
Um dos aspectos mais fascinantes foi a diversidade de nossas próprias histórias. Como temos variações de faixa etária e crescemos em diferentes regiões, pudemos trazer uma variedade de perspectivas e tradições para o processo criativo. Isso nos permitiu descobrir novas possibilidades e formas de conectar essas memórias e brincadeiras.
Como foi a interação com o público infantojuvenil na estreia? De alguma forma influenciou em mudanças na sua performance as próximas apresentações?
É difícil dizer por ter sido apenas uma apresentação (ainda) e a maior parte do público presente ser composta por adultos, mas foi muito legal ver as crianças querendo tirar foto com o elenco após o espetáculo. Recebemos até um presentinho fofo. Um menino fez um origami para cada um do elenco.
O que mais surpreendeu vocês durante a primeira apresentação de “O Gênio da Lâmpada e o Tempo”? Houve alguma reação do público ou momento em cena que foi particularmente marcante?
A profundidade das reações do público, especialmente dos adultos. Embora o espetáculo esteja listado como um espetáculo infantojuvenil, percebemos que ele também tocou profundamente os adultos presentes.
Recebemos feedbacks positivos de adultos que destacaram como a peça abordou o tema de maneira acessível e envolvente. O espetáculo conseguiu levar o público de momentos de risadas genuínas, provocadas pelo humor e pela leveza das cenas, a momentos de lágrimas, despertadas pela emoção e pela nostalgia que a história trouxe. Essas reações nos mostraram que o espetáculo tinha um alcance emocional muito maior do que esperávamos
Para ti, como é estar no palco com esse projeto?
Estar no palco com esse projeto é uma experiência verdadeiramente encantadora e enriquecedora. Mais do que estar entre amigos, é uma oportunidade única de criar uma conexão profunda com o público, assumir uma responsabilidade educativa significativa, trabalhar em equipe de forma harmoniosa, crescer tanto pessoal quanto profissionalmente e, acima de tudo, fazer a diferença na vida das pessoas através do poder transformador do teatro e da importância de abordar temas relevantes de maneira criativa e envolvente.
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