A segunda temporada de “Sandman” deixou de brincar com alegorias e mergulhou direto nas consequências. Se a primeira parte abriu o Inferno, a nova etapa escancara os limites morais do protagonista e pressiona Sonho a lidar com aquilo que ele sempre adiou: as escolhas que machucam, os laços que ele destruiu e o preço de ser quem é.
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A história toma corpo a partir da decisão de Lúcifer de abandonar o Inferno e entregar sua chave a Morpheus. Isso não é apenas uma manobra política ou teológica. É uma provocação, um desafio. Lúcifer sai de cena, mas deixa Sonho à beira de um abismo metafísico, moral e familiar. E o que ele faz com isso? Vai atrás de Destruição. O nome já diz tudo.
A busca por Destruição serve como ponto de ignição, mas o verdadeiro drama é familiar. Sonho reencontra Delírio, sua irmã, e logo depois o filho, Orfeu. E aí a série deixa claro que o verdadeiro inferno nunca foi o de Lúcifer. Foi o que Sonho construiu ao se afastar, ao negar afeto, ao se esconder atrás das regras dos Perpétuos.
Orfeu não é só um personagem trágico. É a falha encarnada de Morpheus. Há dois mil anos, o filho implorou por uma morte que o pai se recusou a dar. Não por compaixão, mas por orgulho. Agora, tudo volta. Orfeu revela onde Destruição está, mas exige, em troca, aquilo que já deveria ter recebido: o fim. E é aí que a série atinge o ápice da sua carga emocional.
Sonho mata o próprio filho. Com as próprias mãos. Tocando seus olhos com os dedos e apagando uma vida que ele mesmo condenou a viver como cabeça sem corpo. Não tem volta. Não tem justificativa. Só tem dor. Pela primeira vez, ele chora. Não como entidade, mas como pai. E esse gesto, mais do que simbólico, tem peso real. Ele violou uma das regras sagradas dos Perpétuos: jamais derramar sangue da própria família.
A sentença não demora. As Fúrias aparecem. E aquele biscoito da sorte lido no final do sexto episódio já anuncia a ruína: “Um rei abandonará seu reino. Vida e morte se chocarão e se desgastarão. A batalha mais antiga recomeça.” O fio da vida de Sonho, tecido pelas próprias Fates, é cortado. Isso não é metáfora. É um aviso direto. Morpheus está condenado.
Só que o destino do personagem vai além do gesto. O que está em jogo agora é a própria estrutura do Sonhar. O mundo que ele comanda, a lógica que sustenta o equilíbrio entre reinos e eras. Porque Sonho não é só um sujeito de capa e voz grave. Ele é ideia, função, sistema. E se ele quebra as regras, o mundo todo range junto com ele.
O que vem a seguir?
A segunda parte da temporada estreia em 24 de julho de 2025 e já vem prometendo uma expansão agressiva do universo. Novos reinos, novas eras, novos jogadores. A trama vai mergulhar no Submundo de Hades e Perséfone, na Grécia Antiga, na Inglaterra elisabetana e até na Revolução Francesa. Nada mais está restrito a um tempo ou lugar. Agora é multitemporal, multifrontal.
Mais importante ainda: os Perpétuos crescem em número e importância. Delírio continua sendo a força emocional desorganizada da narrativa, mas agora Destino entra com sua frieza calculada. Além disso, Loki, Odin e Thor aparecem, trazendo mais mitologia, mais poder e mais caos. São entidades do mesmo calibre de Sonho, mas com objetivos próprios e nenhuma paciência para dilemas existenciais.
O showrunner Allan Heinberg foi direto: “Sandman” sempre foi a história de Morpheus. E por isso, a decisão de encerrar tudo na segunda temporada é narrativa, não técnica. Há uma linha de chegada, e ela está à vista. O que a série promete é um desfecho construído, pensado, planejado. Não uma ruptura abrupta, mas uma queda desenhada como destino.
E o futuro do Sonhar?
Ainda que Morpheus morra, o Sonhar continua. Porque, no fim das contas, “Sandman” nunca foi sobre um herói, mas sobre um papel. E há quem possa assumir esse papel. Nos quadrinhos, essa sucessão existe. E se a série quiser ser fiel ao espírito da obra, vai deixar claro que o fim de um Sonho pode ser o começo de outro.
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