O Grammy Awards, a maior premiação da música, teve sua primeira edição em 4 de maio de 1959. Desde então, se consolidou como um dos eventos mais importantes da indústria musical. Naquele ano, os primeiros vencedores incluíram artistas icônicos como Ella Fitzgerald, que ganhou por “Melhor Performance Vocal Feminina”, e Frank Sinatra, que venceu por “Melhor Álbum do Ano”.
Ao longo dos anos, o Grammy se tornou palco de performances memoráveis que marcaram a história da música. Um exemplo clássico é a apresentação de Michael Jackson em 1988, onde ele performou “The Way You Make Me Feel” e “Man in the Mirror”, consolidando-se como uma das maiores lendas da música pop. Outra apresentação icônica foi a de Beyoncé em 2017, que, grávida de gêmeos, entregou uma performance visual e emocionalmente impactante de “Love Drought” e “Sandcastles”.
Falando em Beyoncé, ela é atualmente a maior vencedora da história do Grammy, com um total impressionante de 32 vitórias. No entanto, é interessante notar que nenhuma dessas vitórias ocorreu nas principais categorias, o que frequentemente gera debates sobre a justiça e os critérios da premiação.
O Grammy movimenta intensamente a indústria musical e as redes sociais, sempre provocando discussões entre fãs e especialistas sobre sua justiça ou falta dela. Este texto se propõe a desmembrar alguns dados para que, ao final, você possa formar sua própria opinião sobre a “justiça” da premiação.
A Academia de Gravação divide o prêmio em vários campos (fields) para gêneros específicos e possui o “General Field”, que não faz distinção entre gêneros. Antes de tudo, os artistas devem submeter seus trabalhos à Academia. Essas submissões passam por comitês avaliativos de mais de 350 pessoas, que verificam se os trabalhos estão nas categorias corretas. Caso contrário, eles são movidos para categorias mais apropriadas.
Por exemplo, no último Grammy, foi reportado que a Dua Lipa submeteu “Dance The Night” para a categoria “Pop Dance Recording”, mas o comitê decidiu movê-la para “Pop Solo Performance” por não considerar que a música tivesse as propriedades suficientes para estar na primeira categoria.
Após todas as submissões serem organizadas, começa a primeira rodada de votação para a escolha das nomeações. Mais de 20.000 votantes, selecionados pela Academia, devem estar ativamente trabalhando na indústria musical, seja como performers, escritores, produtores ou engenheiros. Nessa rodada, eles podem votar em até 10 categorias de gênero de sua preferência, além das 6 categorias principais.
As submissões são organizadas por ordem alfabética no painel de votação, e as categorias principais frequentemente recebem mais de 10.000 submissões. Por isso, apesar de um trabalho não dever ser julgado por seus números, aqueles mais comentados e com maior sucesso durante o ano tendem a dominar as indicações, pois os votantes não conseguem escutar todas as submissões e acabam votando no que já conhecem. Essa competição também se reflete nas chamadas “campanhas”, onde um trabalho pode não ter alcançado grande sucesso comercial, mas a divulgação do artista em meios que cheguem aos votantes pode garantir sua entrada em alguma categoria principal.
Após as nomeações serem definidas e reveladas, começa a rodada final de votação para decidir os vencedores. Muitas categorias não possuem critérios específicos de votação, exceto “Song of the Year”, que julga explicitamente a composição da música (letra e melodia). Assim, os votantes utilizam seus próprios critérios para definir seu voto, que podem variar entre a qualidade da composição, produção, performance vocal, impacto ou sucesso comercial.
A Academia já enfrentou polêmicas quanto ao seu processo de votação. Em 2019, a ex-presidente Deborah Dugan revelou que Ariana Grande e Ed Sheeran tinham votos suficientes para serem indicados a “Song of the Year”, mas foram removidos por um “comitê secreto” que alterava as nomeações para favorecer seus favoritos. Após a polêmica envolvendo The Weeknd em 2020, onde o cantor afirmou que foi forçado a escolher entre receber indicações ou performar no Super Bowl, o tal comitê secreto foi alegadamente extinto.
Apesar de toda a grandiosidade e prestígio do Grammy, há uma lista notável de artistas que são vistos como injustiçados pela premiação. Nomes como Björk e Katy Perry, que nunca ganharam um Grammy, são frequentemente citados nesse contexto. Além disso, houve um movimento nas redes sociais que criticava a premiação, apontando que artistas que ganhavam o prêmio de “Artista Revelação” frequentemente não tinham uma carreira promissora após a vitória. Contudo, essa percepção vem sendo enfraquecida com o tempo, à medida que mais vencedores dessa categoria conseguem manter carreiras bem-sucedidas.
Outro ponto crítico é a falta de diversidade entre os vencedores das categorias principais. A premiação tem sido acusada de premiar repetidamente os mesmos artistas e estilos de trabalho, o que contribui para uma sensação de estagnação e perda de relevância. Esse padrão tem levado a uma percepção de que o Grammy está perdendo força e se desconectando de uma indústria musical cada vez mais diversa e dinâmica.
No fim a premiação continua sendo um evento crucial para a música, refletindo tanto o reconhecimento dos artistas quanto as controvérsias inerentes ao processo de premiação. Apesar de suas falhas e críticas, a premiação ainda possui um impacto significativo na carreira dos músicos e na indústria musical como um todo. Com o tempo, espera-se que a Academia de Gravação tome medidas para tornar o processo de premiação mais transparente e inclusivo, garantindo que o Grammy mantenha sua relevância e prestígio no cenário musical global.
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