Com direção de David Schurmann, “Meu Amigo Pinguim” é um daqueles filmes que aquecem o coração e deixam um sorriso no rosto. O longa nos conta a história de João (Jean Reno), um pescador solitário que, após uma tragédia, se afasta do mundo. Tudo muda quando ele encontra um pinguim à deriva, coberto de óleo de um vazamento, e decide resgatar a pequena criatura. O pinguim, batizado carinhosamente de DinDim, não só transforma a vida de João, mas também repara sua relação com a esposa (Adriana Barraza) e, de maneira surpreendente, cura uma família despedaçada. O filme chega aos cinemas brasileiros no dia 12 de setembro.
Há algo especial no charme simples e sincero dessa história. Fazer um filme “saudável” pode parecer fácil, mas dar a ele profundidade e originalidade é onde mora o desafio. E, sinceramente, “Meu Amigo Pinguim” faz isso de maneira amorosa. É claro que a trama real por trás do filme – a improvável amizade entre um homem e um pinguim – já carrega em si algo irresistível. A história nos pega emocionalmente desde o início, e a entrada de DinDim traz aquele alívio cômico que equilibra o drama.
A relação entre João e o pinguim é genuína, com o protagonista encontrando no pequeno animal uma forma de lidar com as dores do passado. Mas o filme também introduz uma subtrama com cientistas que se interessam pelo comportamento inusitado de DinDim, o que cria um clímax que, embora desnecessário, adiciona uma camada de tensão inesperada. Confesso que esses momentos mais dramáticos, junto com algumas cenas de CGI questionável e a perspectiva do pinguim, pareciam um pouco exagerados. Afinal, a força do filme está na simplicidade da história, que já faz o trabalho pesado de nos envolver emocionalmente.
Outro ponto que vale mencionar é a questão do áudio, especialmente o uso de ADR (dublagem adicional). Embora não tenha sido um grande problema no geral, o filme teria se beneficiado de uma maior consistência no uso dos idiomas. A diversidade de pronúncias do nome do pinguim, por exemplo, tira um pouco da imersão, já que cada personagem parece falar de uma forma diferente.
“Meu Amigo Pinguim” também é um ótimo exemplo das mecânicas hollywoodianas aplicadas a uma história latino-americana. Apesar de ser uma trama que transita entre Brasil e Argentina – o pinguim, afinal, vem da Patagônia – o elenco principal inclui o marroquino-francês Jean Reno e a mexicana Adriana Barraza, com diálogos em inglês. A produção teve múltiplos screenings para o público norte-americano, a pós-produção foi feita em grande parte na Espanha e o diretor de fotografia também é estrangeiro. Mas o diretor Schurmann manteve firme um toque brasileiro, especialmente na defesa do melodrama, que se faz presente de forma sutil, mas marcante.
Além disso, não posso deixar de mencionar a atuação de Pedro Urizzi, que interpreta a versão mais jovem de João. Seu desempenho é excepcional, capturando a essência do personagem que veremos no futuro, mas com nuances próprias, refletindo como o tempo molda nossas vidas.
No geral, “Meu Amigo Pinguim” é um filme seguro, acolhedor e emocionalmente impactante, apesar de seus momentos exagerados. A trilha sonora é linda e amplifica as cenas mais emocionantes, dando um brilho especial aos momentos de lágrimas. Se você busca um filme leve, que traga um pouco de alegria e esperança em meio às adversidades, esse longa é uma excelente escolha.
Meu Amigo Pinguim: ✩✩✩✩
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