Laufey não tem pressa. E talvez seja exatamente isso que a torne tão impactante em um tempo em que tudo se move rápido demais. A cantora, compositora e multi-instrumentista islandesa-chinesa, que vem reformulando a linguagem do jazz para uma nova geração, lança agora “Lover Girl”, seu novo single, que antecipa o álbum “A Matter of Time”, previsto para o dia 22 de agosto. A faixa carrega o frescor da bossa nova e o lirismo do jazz clássico, numa síntese sutil entre a doçura da melodia e a melancolia da distância.
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“A parte mais difícil de amar alguém é estar longe dessa pessoa”, resume Laufey ao falar sobre o novo lançamento. E é exatamente essa a matéria-prima da canção: a ausência como presença, o afeto como enigma. Com arranjos que respiram leveza e timbres que remetem a João Gilberto tanto quanto a Ella Fitzgerald, “Lover Girl” reafirma a vocação de Laufey para construir paisagens emocionais onde o passado e o presente conversam sem conflito.
Essa fluidez estilística tem sido sua marca desde o início. Mas agora, com “A Matter of Time”, a artista parece atravessar uma nova camada criativa. O disco promete trazer temas mais densos, vulneráveis e existencialistas, com menos idealização romântica e mais enfrentamento interno. É a Laufey que reconhece suas falhas e decide traduzi-las com orquestra, harmonia e vulnerabilidade. Tudo isso sem abrir mão de sua estética cuidadosamente desenhada.
“Estou sempre pensando em música clássica e jazz, como preservá-los e prestar homenagem. Mas para este álbum, eu quis apenas deixar meu coração guiar”, disse em uma de suas entrevistas recentes. A escolha por uma abordagem mais emocional e menos técnica encontra eco na formação híbrida da artista, criada entre Reykjavik e Washington D.C., formada pela Berklee College of Music e moldada por referências que vão de Ravel a Chet Baker, de Tom Jobim a Taylor Swift.
Aos 25 anos, Laufey vive o auge de sua presença global. Com a turnê “A Matter of Time Tour”, a artista vendeu mais de 250 mil ingressos e esgotou casas como o Madison Square Garden, em Nova York, e a Crypto.com Arena, em Los Angeles. Também realizou datas adicionais em Toronto e São Francisco, provando que o jazz pode, sim, ser pop, e que há uma audiência enorme pronta para consumir algo mais delicado, mais introspectivo, mais refinado.
Mas Laufey não para no palco. Ela fundou recentemente a The Laufey Foundation, projeto que visa democratizar o acesso à educação musical em colaboração com nomes como AWAL, AEG Presents, Warner Chappell, Steinway & Sons, Catbird e Gibson Gives. Em paralelo, participou do Coachella ao lado da LA Phil e se apresentou no prestigiado New Orleans Jazz Fest, sempre explorando territórios onde tradição e inovação coexistem sem atrito.
Sua trajetória é meteórica, mas sem pressa. Desde o EP “Typical of Me” até o sucesso estrondoso de “Bewitched” — vencedor do Grammy de Melhor Álbum de Pop Tradicional — Laufey vem acumulando marcas expressivas: 5 bilhões de streams, o maior debut de um álbum de jazz no Spotify, platinas, prêmios, presença no Top 20 da Billboard e reconhecimento em listas como a “30 Under 30” da Forbes e as “Mulheres do Ano de 2025” pela TIME.
“As pessoas esperam uma fachada bonita, roupas delicadas, histórias fantasiosas e músicas românticas”, disse a cantora em uma de suas declarações mais honestas. “Desta vez, quis ver como poderia trazer à tona os lados mais falhos de mim mesma e encará-los de frente.” A frase resume o espírito de “A Matter of Time”. Um disco que, ao que tudo indica, não tem intenção de agradar a todos. Mas tem uma missão clara: aprofundar. Escavar. E emocionar sem truques.
Com parceiros como Spencer Stewart e Aaron Dessner (o mesmo de projetos recentes com Taylor Swift e The National), Laufey avança artisticamente sem perder sua essência. O novo single “Lover Girl” é só a ponta do iceberg de um álbum que promete ser ao mesmo tempo íntimo, elegante e sonoramente expansivo.
E se o tempo é mesmo uma questão, como sugere o título do novo disco, Laufey está provando que sabe exatamente como habitá-lo.
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