Ivan Parente é um talentoso ator, cantor e dublador que atualmente estrela o musical “Hairspray” no Rio de Janeiro, onde desempenha o papel do apresentador Corny Collins. A produção estará em São Paulo a partir de 5 de setembro, no Teatro Renault.
Em paralelo, ele também está na reprise da novela “As Aventuras de Poliana”, exibida pelo SBT e disponível na Netflix, onde desde 2018 interpreta Lindomar, um personagem que conquistou o coração das crianças.
Antes de sua participação em “Hairspray”, Ivan esteve no musical “Tarsila, a Brasileira”, no qual interpretou Menotti Del Picchia e outros três personagens, conciliando este grande desafio com os ensaios iniciais de “Hairspray”.
Ainda nos palcos, mas reacendendo uma chama musical, Ivan se apresentará no Tokio Marine Hall, em São Paulo, no dia 14 de setembro, ao lado da trupe O Teatro Mágico, liderada por Fernando Anitelli, no reencontro especial de 20 anos. Este evento celebra um marco importante na carreira de Ivan, que é um dos poucos membros que nunca deixou de se apresentar com o grupo.
Confira nosso bate-papo com o artista
Como foi a preparação para interpretar Corny Collins em Hairspray?
Eu pesquisei bastante os apresentadores dos anos 60 no Brasil. A Jovem Guarda foi um movimento muito forte por aqui e também me inspirou muito. Suas gírias, a música e o comportamento que ia do ingênuo ao mais audacioso em questão de segundos. Me inspirei muito no Buddy Deane Show que originou a personagem no musical. Minha maior inspiração é o Silvio Santos. O cara sabia o que estava fazendo. Sinto que o Corny tem esse sentimento transformador da televisão.
Quais desafios você encontrou ao trazer à vida um personagem que é um ícone da cultura pop americana dos anos 50 e 60?
Meu maior medo era ficar num beco sem saída. Fazer o mais do mesmo no quesito de apresentadores. Eu entendi que o Corny não é somente um apresentador. Ele tem a função de dar os caminhos para uma verdadeira transformação na televisão daquele tempo. A integração era algo inimaginável. Eu também não queria que a personagem tivesse um peso de salvador, porque ele só abre caminho para que a discussão sobre a integração comece. Quis trazer o Corny como observador do seu tempo, mas que em algum momento usa do privilégio de estar na TV, para mudar o mundo.
Como você vê a importância de programas de TV como The Corny Collins Show na história dos shows de dança adolescente?
Sinto que o Corny prevê a grande mudança e aproveita estar na TV falando com os adolescentes, com o público que vai herdar o mundo, e que terá a chance de modificá-lo. É uma responsabilidade enorme e excitante ao mesmo tempo. Eu sou um artista e naturalmente sou um crítico do meu tempo. Crítico da história do mundo e das pessoas. Eu penso um pouco como o Corny Collins. Sinto que é uma responsabilidade muito grande falar com jovens e crianças sobre as grandes questões do mundo. Eles vão herdar tudo isso. Precisamos mostrar a eles como é que o mundo foi formado e porque é tão importante reformulá-lo.
Como foi a experiência de viver o inspetor Lindomar em As Aventuras de Poliana?
O Lindomar Gomes foi meu primeiro personagem na televisão. Foi meu debut. Um presente que os produtores de elenco e a Íris Abravanel me deram em 2017. O Lindomar tinha muitas cores. Eu o via como uma criança no corpo de um adulto. Tinha caráter inabalável e amava sua família. Eu tinha a responsabilidade de trazer à vida o ser humano que todos gostariam de ser. Honesto, trabalhador e amoroso. Ainda sou parado na rua e tiro fotos com os fãs da novela que não são mais crianças e nem adolescentes. Isso me dá certeza que a condução da personagem marcou os telespectadores. A experiência que eu tive nessa novela trouxe muitos amigos para a vida inteira. Era uma equipe amorosa e frequentava sempre.
A novela está sendo reprisada no SBT e ocupa posições de destaque na Netflix. Como você se sente ao ver o sucesso contínuo da trama?
Eu sinto que todos os envolvidos deram o seu melhor. Quando há amor envolvido e podemos usar o melhor das nossas atuações, o resultado vai sempre muito potente. Eu via os diretores preocupados com a condução das personagens. As reviravoltas que todas as personagens tiveram dentro da trama, resultado incansável da Íris com os colaboradores para tirar o máximo da gente durante a trama. Creio que isso, somado às relações de amizade que fizemos durante a trama, acaba aparecendo na tela. Foi um momento muito especial da minha carreira e sempre lembro com muito carinho.
Quais são as características do inspetor Lindomar que mais ressoam com você pessoalmente? E de que forma a personagem ainda reverbera em você?
Acho que esse elemento humano que sempre buscamos nas pessoas são as características que mais me motivavam durante as gravações. Cada vez que ele dava um conselho ou tinha uma atitude amorosa, ou engraçada ou motivadora em alguma personagem que ele contracenava, isso me mudava por dentro. Sinto que as pessoas estão sempre armadas e prontas para serem grosseiras umas com as outras para se defenderem do mundo que às vezes foi muito cruel com elas. Sinto que o Lindomar fazia exatamente o contrário e é uma característica utópica que esperamos do ser humano. Alguém que nos ouça e dê um conselho que nos transforme. Sempre que havia uma grosseria com ele, ele transformava isso em piada e quebrava a outra personagem. Acho que isso eu acabei herdando dele um pouco na época. Dias sim e dias não consigo resgatar esse sentimento. Viver num mundo competitivo é às vezes desgastante, mas sinto que ainda trago essa qualidade herdade do Lindomar.
Você estará no show especial de 20 anos do grupo O Teatro Mágico. O que o público pode esperar dessa apresentação?
Acho que todos nós estamos apreensivos com o que vai acontecer no Tokio Marine Hall. Os reencontros serão as coisas mais inspiradoras do show. Tem gente que eu não encontro desde 2004 ou 2005. Eu sempre criava uma relação muito intensa com os componentes que iam entrando na trupe. O Teatro Mágico sempre foi o Fernando Anitelli. Sinto que nós entrávamos para potencializar as histórias que ele queria contar. E as histórias ficaram para sempre nos corações das pessoas. Construímos famílias. Demos oportunidades de encontros inimagináveis no palco e fora dele e acho que isso será sentido logo nos primeiros acordes do show. To muito animado.
Como é a sensação de retornar ao grupo e se apresentar novamente com eles após tantos anos?
Eu nunca deixei de me apresentar com eles nesses 20 anos. Eu conheço o Anitelli desde o tempo da faculdade. Canto com ele desde 1991. Eu acho que esses reencontros serão muito vibrantes em cima do palco. O violino do Galldino, os aéreos da Gabi Veiga e as palhaçadas do Toicinho. Tanta história que vai ser difícil escolher o melhor momento do show.
O que O Teatro Mágico representa para você na sua trajetória artística?
O Teatro Mágico para mim sempre foi o encontro feliz que tive com o Anitelli. Cantar com ele sempre foi e sempre será a melhor coisa que aconteceu pra mim na minha carreira de cantor. Eu sou um ator de teatro musical e sempre que estou com ele no palco, me lembra o cara que eu era e a trajetória que pudemos compartilhar no teatro e na música. O Fernando me resgatou da publicidade e propaganda e me trouxe pra cantar em cima de um palco. Me ajudou a não ter medo de ir atrás dos meus sonhos. A gente se potencializou muito como artistas. Somos os fãs número 1. Um do outro. Meu amigo da arte e da vida.
Você também é conhecido por trabalhos na dublagem. Como equilibra sua atuação em diferentes projetos ao mesmo tempo?
Eu sempre gostei de diversificar meu trabalho, seja no teatro, na música, na dublagem ou como diretor de teatro. Eu amo dublar, mas não tenho dublado muito, mas dublei coisas muito legais. Ser a voz do Timão ou do Lumiére é algo que a gente tem que celebrar para o resto da vida. Tenho que estar muito descansado pra dar conta de tudo, mas confesso que não tenho tido muito tempo para isso. Estou em cartaz no Rio de Janeiro com o Hairspray. Eu moro em São Paulo, ou seja, ir e vir toda semana me esgota. Tem 3 espetáculos que eu dirigi que estão rodando o interior de São Paulo e o Brasil: O Homem Mais Inteligente da História, do Augusto Cury; O Menino de Lugar Nenhum da Teatro de Panela e o Menino Coruja da Cia Arte das Águas de Ibirá. Eu gosto de ter sempre mais frentes de trabalho para diversificar minhas habilidades.
Quais são seus próximos projetos e sonhos na carreira artística?
A gente sempre tem muitos sonhos de viver personagens icônicos em nossa carreira. Eu tenho vários no currículo. O Corny Collins foi uma grande surpresa nesse caminho. Estar no palco com o Tiago Abravanel é um reencontro inimaginável. Estou muito feliz. Quero começar a produzir peças. Quero entender esse outro lado da minha profissão. Acho que esse é meu maior sonho agora. Também recebi um convite irrecusável para o ano que vem para atuar ao lado de pessoas incríveis. Tô muito animado com as possibilidades.
Se pudesse dar um conselho para atores iniciantes, qual seria?
Tenham calma. A hora certa não acontece quando queremos. Acontece quando tem que acontecer. Sinto que as pessoas estão muito ansiosas por serem reconhecidas rapidamente. Isso acontece porque as redes sociais deixam nossas expectativas muito altas por causa das comparações com outros artistas e personalidades. Cada história é uma história e acredito que as coisas acontecem na hora certa. Nenhuma história deve ser comparada.
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