O rapper Kyan lotou o Centro Cultural do Grajaú (CC) com um show diversificado que atraiu fãs de todas as idades no último sábado, embora tenha focado especialmente na atual geração de adolescentes. O público presente exibiu uma identidade visual marcante, combinando elementos dos anos 2000 com o estilo oversize popularizado em 2022.
Kyan apresentou uma coleção de hits que vem ganhando notoriedade na cena do rap nacional. Nascido Renan MC na Praia Grande, Baixada Santista, ele cresceu ouvindo os clássicos do funk local. Em 2014, foi apadrinhado pelo MC Pedrinho J.R. e começou a escrever e cantar suas músicas de funk. Foi então que Lucas Zetre, amigo e manager, sugeriu que ele migrasse para o trap, renascendo como Kyan. Alinhando-se ao produtor MU540, Kyan começou a misturar outros gêneros em suas músicas.
Seu primeiro hit, “Mandrake”, o levou ao selo Ceia, que contava com nomes como Febem, Djonga e Tasha e Tracie. Hoje, Kyan é seu próprio empresário e criador da agência musical/coletivo criativo EHXIS, que visa dar oportunidades para jovens talentos da música underground. Desde então, Kyan lançou músicas que combinam trap, elementos do funk, grime, house e drill. Seu último projeto, “Um Quebrada Inteligente“, apresentado na Semana de Moda em Paris, foi um sucesso, ultrapassando 100 milhões de streams nas plataformas digitais.
Com um público variando entre 14 e 19 anos, o show apresentou uma diversidade de estilos e tribos, mas todos compartilhavam a ideia de serem mais livres do que sua geração anterior, especialmente quando se trata de expressar sua liberdade através do visual. Ao contrário das gerações anteriores, as meninas estão abandonando a ideia de alisar os cabelos e cada vez mais estão abraçando seus cabelos naturais. Os rapazes estão seguindo a tendência da forte cena “mandrake” de São Paulo, mas agora estão expressando melhor seus talentos, que vão desde rimas até produções visuais.
A periferia, junto com essa nova geração de jovens, está se tornando um verdadeiro berço de novos talentos com uma atitude mais marcante. No entanto, ainda se observam comportamentos inconsequentes, principalmente quando se trata do uso de substâncias e outros riscos.
Segundo dados do IBGE, 63,3% dos estudantes de 13 a 17 anos já experimentaram bebida alcoólica; desses, 34,6% tomaram a primeira dose com menos de 14 anos. Além disso, 13% dos alunos já tiveram experiências com substâncias ilícitas. Aproximadamente 26,8% dos jovens brasileiros de 15 a 19 anos relataram ter consumido álcool no último ano, um índice semelhante ao de 26,5% dos jovens em todo o mundo.
Em geral, não há uma única pessoa a ser culpada pelas consequências e exposições de um show ao ar livre. Afinal, em uma situação onde há um grande número de pessoas, é difícil controlar por idade quem consome o quê, como consome e por que consome. O dever dos meios de comunicação é sempre comunicar e informar o quanto prejudiciais podem ser para o desenvolvimento da juventude. Às vezes, o “cool” acaba custando muito caro e estragando o role.
O show reflete como essa nova geração de artistas tem um papel fundamental no apoio aos jovens. Durante todo o evento, tanto o rapper quanto sua equipe e os responsáveis pelo evento mostraram-se preocupados e atenciosos com o público, interrompendo o espetáculo sempre que necessário para manter uma comunicação pacífica e responsável. Mas vale ressalta que, apesar de ser um evento aberto, é essencial que os responsáveis pelos presentes estejam cientes do tipo de conteúdo musical apresentado, pois Kyan aborda temas complexos que podem ser desconfortáveis para alguns, mas que são parte da arte e devem ser consumidos com consciência.
O evento foi promovido e realizado pelo Grajau Rap City em parceria com a Plano Bee Produções e apoio do Silvão Leite. Para conferir mais sobre os realizadores basta acessar o link.
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