Vitor Kley lançou nesta quinta-feira (18) o segundo álbum de sua carreira, “A Bolha”, título que, segundo ele, já estava em mente há um bom tempo e acabou servindo de apelido ao estúdio em um apartamento onde o material foi produzido.
Com participações de Vitão e Jão, o gaúcho aposta em samba-rock, MPB, rock de guitarra distorcida e no som urbano turbinado por scratches. O que achamos dessa mistura? Uma delícia de ouvir. Sabe aqueles discos que você aperta o play e quando se dá conta, já navegou pelas 12 faixas? Mais responsável, maduro e por que não, caprichado que “Adrenalizou”, “A Bolha” é provavelmente um dos álbuns mais bem trabalhados de 2020.
O novo disco, assim como o primeiro, é produzido por Rick Bonadio, do Midas Music. Rick é chamado de “mestre” pelo gaúcho, e não é pra menos. O produtor é responsável por uma infinidade de sucessos nos últimos anos.
“Em 2016, criei uma música num aplicativo de celular. Eu a chamava por outro nome. Era: ‘Quem Vai’. Mas vocês a conhecem como ‘O Sol’. Passava dias no meu quarto gravando, criando. Chegou um ponto em que minha família passava perto e dizia: ‘O Vitor vive numa bolha’, conta o cantor.
O Caderno Pop bateu um papo com o Vitor, que explicou melhor sobre “A Bolha” (tanto o nome do disco quanto sobre a bolha em que estamos vivendo atualmente nesse período de pandemia), além das misturas e parcerias. Confira:
Sobre o título do disco, “A Bolha”, que você falou nas redes sociais que foi o apelido dado ao estúdio no seu apartamento durante a pandemia, e claro, não deixa de ter relação com o momento que a gente tá vivendo, em casa, trancado numa “bolha” mesmo. Acabou sendo uma coincidência tudo isso?
Prazer imenso, obrigado pelo carinho do meu trabalho, sempre acompanho aí os posts de vocês e fico muito feliz. Sim, foi uma coincidência total. Esse nome “A Bolha” eu tenho há um bom tempo já e é muito louco porque, como as coisas são do nada. Isso tudo aconteceu, aí “caramba, velho”, o sentido da bolha veio mais à tona ainda né. Que loucura. Mas realmente “A Bolha” é por causa do meu lance do que eu fazia umas coisinhas em casa, no celular mesmo. Até fiz “O Sol” nesse aplicativo de celular e outras músicas que estão nesse álbum “A Bolha” também. E também por causa do estúdio do apartamento Rick (Bonadio) que a gente gravou a maioria do álbum. Então acabou sendo uma coincidência porque a gente acabou o álbum antes da pandemia e depois que veio essa loucura toda que nós estamos vivendo. Aproveitando, espero que vocês estejam bem, se cuidando aí, muita luz pra vocês, pra família de vocês.
Há um tempo você fez um post nas redes sociais meio que “se despedindo”, dando um tempo. Já era hora de entrar na “bolha” ou já tava tudo pronto?
Já era hora de entrar na bolha. Já estava tudo pronto, a gente estava para lançar o álbum, agora posso falar, a gente tava para lançar o álbum em abril. Em tempos normais né. A turnê começaria em junho e ali em meados de novembro a gente iria para a Europa e para Portugal e sei lá outros países que quisessem nos receber por ali pra fazer turnê d’A Bolha. Acabou que não teve jeito, a pandemia veio e ficou essa situação toda. Então a gente chegou até a criar hipótese “caramba, e agora o que fazemos, será que não lançamos, esperamos” mas acaba que acho que “A Bolha” é uma maneira de eu me conectar com meu público, de passar um pouco de luz em tempos tão sombrios. Você é um pontinho de paz, eu sei que as coisas de maneira alguma vão ficar alegres ou divertidas, mas tentar passar um pouquinho de alegria em meio a tanto caos. Então a gente resolveu lançar agora mesmo em meio à pandemia. E estou feliz com essa escolha porque eu sinto que a gente está fazendo bem um monte de gente. Já estava tudo pronto já ha um tempo na verdade, estava tudo na manga. Graças a Deus que a gente acabou antes da pandemia, senão muita coisa não pode ser realizada.
Uma coisa que me deixou curioso foi a identidade visual do material, tudo roxo, até a foto que você tinha postado antes disso tudo. Fala um pouco sobre a relação roxo/Vitor/A Bolha.
Que loucura, cara, que massa que vocês gostaram da identidade visual. Então, eu sonhei com roxo um tempo atrás, era 2009 e eu sonhei que meu próximo trabalho tinha que ser com um fundo roxo. Eu não sabia ainda a ideia da capa mas eu sabia que tinha que ser roxo. É uma loucura porque depois vários sinais da vida foram mostrando que o roxo realmente é a cor que me representa nessa fase. Tanto o significado dele quanto pessoas mais evoluídas que falaram que a cor desse ano é a cor roxa, lilás. Então isso é muito louco. A identidade visual teve a soma de muitas pessoas, Rodolfo Magalhães, Doug Reder, Atila, que fez a bolha, o Doug que fez o body painting em mim, o Rodolfo que tirou as fotos. Entre toda a galera da equipe VK e Midas que também opinou junto comigo né. O próprio Rick, meu irmão, que deram as ideias ali. O Rick deu ideia de eu ficar até nu e pintado, né. Então muito legal essa conexão toda e falando um monte da nossa equipe aqui a equipe VK que fez todas essas séries de vídeos de planejamento de lançamento. E cara, é o projeto que eu mais estou envolvido. Então isso tudo que eu me refiro e essas pessoas todas, eu fico muito feliz que elas me escutam muito e me dão liberdade pra ser eu, sabe. Então acho que é por isso que esse projeto está tão conectado e tão vídeo Vitor, porque consegui alinhar com todos as pontas, tudo que eu gostaria, sabe. Isso é muito legal e tem muito mais coisa por vir.
Esse álbum não deixa de ter a sua essência, mas você aposta em outras letras, melodias, fora as parcerias – a que a gente já tinha ouvido com o Vitão e a com o Jão, dois nomes novos na música. As letras foram compostas pensando especificamente neles ou a ideia do convite veio depois?
Cara muito legal, muito legal essa colocação de que tem muito minha essência e fico muito feliz com isso porque é realmente isso, tá ligado? Isso que eu queria passar pra galera e falando das participações, a primeira, “Jacarandá” eu escrevi com um amigo meu lá em Itajaí, o Simão, e a gente logo pensou no Vitão. Já “Duvida” eu escrevi há um tempo e fiquei um tempo com ela cantando sozinho aí eu falei “cara, precisa de alguém aqui, tá ligado” e aí eu lembrei do Jão, que ele tem essa coisa quando ele canta que “meu Deus”, é uma melodia, uma harmonia, uma energia que ele carrega, um certo sofrimento que eu acho maravilhoso e acho que caiu muito bem em “Dúvida”.
Você contou em um post no Instagram que “nunca soube se definir e nem quer”, mencionando a mistura do disco, com beats, baterias, cordas, metais, alegria e melancolia. No primeiro disco, até por conta do seu estilo surfista, praiano, seu som ficou caracterizado pela “good vibes”. Esse disco serviu, de alguma forma, pra mudar essa percepção?
Eu nunca soube definir e nem quero exatamente. Isso aí, que essa essa última pergunta. Sei lá, na verdade eu acho que isso aí é uma coisa muito normal. O grande sucesso, os grandes sucessos, graças a Deus a gente pode usar esse termo, como “O Sol, “Morena”, “Adrenalizou”, “Pupila”, “A Tal Canção Pra Lua”. Eu acho que são músicas que têm essa levada, como vocês citaram aí das boas vibrações, mas eu acho que “A Bolha” também tem, mas acho que “A Bolha” tem um algo a mais ainda, tem um pouco da melancolia, tem um pouco do rock, tem um pouco da classe de “Dúvida” e da classe e da melancolia também de “Sua Falta”. E eu acho lindo porque tem até um samba-rock na “Anjo ou Mulher”. Então eu acho lindo porque eu não sei me definir mesmo, é daí que vem a frase “eu não sei definir” quem é uma diversidade tão grande musical tanto minha quanto do Rick que produziu esses arranjos maravilhosos que a gente resolveu mesmo assumir isso: “meu, tu gosta disso, tu é isso, então vamos fazer isso” e eu acho lindo quando o ser humano fala assim: “eu sou assim e eu não sei o que eu sou” ao mesmo tempo, né, que é a frase “eu não sei me definir, nem quero, e eu gosto de quem eu sou”. Essa é a frase. Então acho que muitas pessoas vão se identificar com esse pensamento e o álbum é pra isso, acho que a gente não tem que ter uma definição, sabe. A gente tem que simplesmente dizer quem a gente quiser ser, deixar fluir, sabe, é muito louco isso, e obrigado pelo carinho, gente. Espero que tenha ficado legal aí. Tenho muito carinho por vocês e pelas matérias que estão fazendo do meu trabalho, meu som. Se cuidem.
Pode deixar, Vitor! Agora é só curtir “A Bolha”:
Ouça: