Ano novo, música nova e, por que não, um novo Bryan Behr? O cantor catarinense lança nesta sexta-feira (15) o EP “Capítulo 1”, trazendo duas canções inéditas, “Devagar” e “Eu sou sentimental”- esta última que chega com clipe diferente de tudo apresentado anteriormente por Behr.
Uma letra profunda, um sentimento de acolhimento e cenários de tirar o fôlego, essas têm sido as características principais de Bryan Behr ao lançar uma nova canção, mas não desta vez. Em “Eu sou sentimental”, a letra tocante permanece, mas agora o tema principal não é o amor, mas sim o autoconhecimento e auto aceitação de seus próprios sentimentos.
Dirigido por Belle de Melo – conhecida por seus trabalhos com Lagum, Melim, OUTROEU e Ana Gabriela – o clipe troca o clima intimista acompanhado de belas paisagens dos últimos lançamentos do cantor por um ambiente caótico, divertido e extremamente identificável: um escritório.
Acostumado a gravar sozinho, Bryan encarnou o personagem e interpretou um típico sentimental em seu ambiente de trabalho, contracenando com chefes e colegas. O lado cômico do cantor, pouco conhecido por seus fãs, é um show à parte, com expressões e falas marcantes.
“‘Eu sou sentimental’ me descreve muito bem. Eu acho que sempre escrevi e lancei músicas que falam sobre vida e sobre o amor de um ponto muito positivo. E essa canção fala muito sobre a vida como ela é. Gravar o clipe foi muito especial porque eu estava acostumado a gravar em áreas externas, montanhas, lugares muito bonitos, então é a primeira vez que gravei em uma locação interna, um ambiente caótico, bem diferente do que as pessoas estão acostumadas a ver. Foi muito muito divertido gravar. Essa foi a primeira vez que contracenei com outras pessoas, foi muito especial”, conta Bryan.
Além de “Eu sou sentimental”, o novo projeto ainda conta com mais uma faixa inédita, “Devagar”, que retoma o lado romântico e apaixonado de Bryan Behr e é, declaradamente, a preferida do cantor, além das já lançadas “De todos os amores” e “O Amor descansa na varanda”. Fechando com chave de ouro o EP, o cantor fez uma releitura emocionante e única do clássico de Papas na Língua, “Eu Sei”.
“‘Eu sei’ marcou muito minha infância. Me lembro de crescer a ouvindo. Então, a gente decidiu porque amo a música, sei que ela aconteceu de uma forma muito grandiosa, mas não tem uma versão muito elaborada, ela é simples, voz e violão. Aí a gente trouxe um cheiro, uma roupa nova para ela. A ideia é que cada EP, cada capítulo, traga uma releitura”, explica.
“Capítulo 1” é o pontapé inicial de uma série de lançamentos preparados para 2021, que engloba canções inéditas, covers e identidade visual única, que vai dos clipes às capas ilustradas exclusivamente pela colombiana Vivian Pantoja com elementos que se complementam.
“Acho que, no geral, a gente definiria esse EP como um primeiro passo para uma nova era. Falo ‘a gente’ porque trabalho com muitas pessoas talentosas, inclusive dentro do estúdio. Acho que a gente amadureceu muito na produção, eu amadureci muito como compositor também. E ele se chama ‘Capítulo 1’ porque terá continuidade, terão outros capítulos que depois compilados se tornarão um álbum. Cada capítulo terá cinco faixas, cada faixa conta uma história. Então, no final teremos um pseudo livro com esse álbum”, completa.
O Caderno Pop conversou com o artista sobre o lançamento; confira:
No clipe de “Sentimental” você passa apuros em um escritório, convive com todo tipo de gente. Isso teve algum significado de coisas que você teve que passar até chegar onde queria: a música?
Eu trabalhei em outros lugares antes de viver de música, já trabalhei em uma fábrica que fazia roupas de academia, numa loja de instrumentos musicais, então de alguma maneira já vivenciei isso, de tá junto de outras pessoas, entender o desafio, me estressar, ficar chateado, trabalhar com algo que eu não gostava, mas gravar o clipe foi todo significativo na verdade. Gravando esse clipe a gente quis passar ideia de que eu também tenho meus momentos caóticos e não vivo no Fantástico Mundo de Bryan Behr onde eu pedalo por lugares paradisíacos ou tô num barquinho numa lagoa, então a gente quis quebrar isso porque é necessário falar que a vida é boa e bonita, mas é necessário falar do lado caótico da vida.
Da última vez que nos falamos, você comentou sobre as suas músicas que partem sempre de voz e violão e “Sentimental”, pelo menos entre as 5 faixas do EP, é a que tem menos pega acústica, sendo, talvez, a mais pop do material. Um novo Bryan tá chegando?
Com certeza. Esse Capítulo 1 na verdade é um passo para um novo movimento meu, uma nova era. Durante muito tempo eu tive o violâo sempre presente nas minhas músicas, é um instrumento que eu domino, então de alguma forma eu acredito que ele vai tá sempre presente no meu trabalho. Mas no Capítulo 1 a gente queria trazer novas ambiências, arranjos, brincar mais com guitarras, teclados, vozes e o violão até por minha própria preferência, também quis testar algumas coisas sem violão pra de alguma forma trazer coisas novas.
Você vem de uma sequência de lançamentos em curtos espaços – já são vários EPs, dois álbuns, diferentemente de muitos artistas que fazem poucos lançamentos em um ano, principalmente em 2020, em que muita gente ficou um pouco mais parada. Você é da opinião de que para um artista “não pode faltar música boa e muita vontade”?
Eu acho que no começo da pandemia ficou pensando sobre isso sabe, no começo da quarentena especialmente, se a gente lançava, segurava, porque ninguém sabe o que ia acontecer e de verdade eu acredito que o papel do artista é levar mensagem para as pessoas então nesse momento é o último momento que a gente pode parar de fazer arte, é o momento que a gente tem que levar esperança pra casa das pessoas e levar esse ponto de vista, em partes otimistas também. Nem que seja gerar um ponto de interrogação na cabeça da pessoa para que ela realmente se questione sobre o que ela está fazendo. Se ela está fazendo do jeito certo, se ela de fato é feliz, eu acho que esse é o papel da arte. Eu lembro de uma passagem de um livro em que eu li sobre o Bob Dylan cantar “Blowing In The Wind” para os soldados antes de eles irem para a guerra. E na música que ele cantou ele questionava durante quanto tempo a gente vai ficar fazendo isso, atirando rm pessoas que a gente nem conhece. Eu acho que a arte, esse é o papel fundamental da arte, levar essa dúvida, levar esperança, levar amor para as pessoas quando elas mais precisam. Eu acho que o maior ponto de carência que eu enxerguei nas pessoas do mundo foi obviamente durante a pandemia. Então eu gosto sempre de estar inovando, sempre trazendo cada vez mais músicas, eu componho muito, justamente componho pra colocar pra fora as coisas que eu sinto, então de alguma maneira sempre vai ter muita música e muito lançamento. Eu amo isso, adoro trabalhar dessa maneira.
Pra fechar, você tem percebido alguma mudança de comportamento do público nesse último ano? Mudança de consumo, de relacionamento, de exigências…?
Com certeza, eu acho que não só falando de público comercialmente falando, não vou nem isolar essa resposta aqui falando apenas no meu público, eu falo das pessoas ao meu redor, assim da minha família, dos meus amigos, das pessoas que eu observo na rua, sabe, tá todo mundo diferente. Acho que talvez a pandemia trouxe, principalmente o isolamento, na verdade, trouxe e vem trazendo ainda a necessidade urgente de olhar para a gente, de enxergar com carinho e observar as coisas que a gente gosta, das coisas que a gente não gosta porque não tem como a gente ser feliz amanhã, a gente tem que ser feliz hoje. Eu acho que ser feliz se torna um pouco mais fácil quando a gente parte dessa observação interna de que a gente realmente precisa disso pra viver bem. Então com certeza eu enxerguei essa mudança nas pessoas.