O longa nacional “Uma Família Feliz” apresenta a história de Eva (interpretada por Grazi Massafera), uma mãe de duas filhas gêmeas que, após dar à luz seu terceiro filho, enfrenta a depressão pós-parto, apesar de aparentemente ter uma vida perfeita em um condomínio fechado no Rio de Janeiro. No entanto, eventos estranhos começam a ocorrer na família, levando Eva a se tornar a principal suspeita desses casos peculiares, inclusive sendo investigada pela polícia. Ela se vê questionada e até mesmo acusada pelo próprio marido (Reynaldo Gianecchini), em quem confiava. A verdade por trás das aparências pode revelar uma crueldade inesperada.
No longa-metragem, a performance da protagonista e das crianças, que são os antagonistas, é extremamente competente. O elenco infantil, em especial, demonstra habilidade notável, enquanto Grazi Massafera confere um tom inacreditável à trama. O ápice da história é interessante de acompanhar, observando o avanço do surto da protagonista e como cada ação e passo têm um significado profundo, uma camada de complexidade e uma explicação intrigante.
Entretanto, o ponto fraco reside no personagem de Gianecchini, que não alcança o mesmo nível de profundidade. Sua falta de veracidade em lidar com uma situação complexa é evidente, o que diminui a credibilidade da narrativa.
A maior falha, na minha opinião, está no desfecho. Este poderia ter sido mais lúdico e filosófico, em sintonia com o tom central da trama. Em vez disso, parece tentar imitar outros filmes, perdendo a oportunidade de explorar mais elementos próprios da cultura brasileira.
É compreensível que a apatia em meio ao caos seja comum no cinema, mas aqui não se encaixa bem na narrativa, prejudicando a empatia do público. Enquanto alguns personagens são bem desenvolvidos, outros acabam relegados a papéis secundários, sem explorar todo o seu potencial.
O filme, escrito por Raphael Montes, que também é autor do livro do qual foi adaptado, apresenta uma trama mais complexa e profunda na literatura. Certas nuances não se adaptam perfeitamente ao cinema, mas algumas partes importantes deveriam ter sido melhor exploradas na adaptação.
Apesar dessas falhas, o filme merece ser visto, pois proporciona entretenimento e mantém o espectador envolvido. No entanto, algumas cenas poderiam ser mais breves para permitir uma melhor exploração do enredo. O fato de ter sido filmado em apenas 20 dias pode ter contribuído para esses problemas. No geral, o filme é competente, mas peca em detalhes que prejudicam a experiência do espectador. Pequenos lapsos na narrativa, como lacunas na história dos personagens e falta de contextualização geográfica, acabam afetando a imersão na trama.
O filme segue em cartaz em diversos cinemas do Brasil, para verificar a disponibilidade de sessões basta acessar o link.
Uma Família Feliz – José Eduardo Belmonte: ☆☆☆
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