Tanto pode ser o violão, ou a voz, ou mesmo o estilo de compor. Talvez os três juntos. O certo é que você escuta cinco segundos de qualquer música de Vitor Kley e reconhece a autoria da canção. Independente do gênero, ou se a música é mais orgânica ou mais eletrônica – é absolutamente inconfundível a assinatura do artista gaúcho. Faça o teste agora, com o álbum que ele lança em todas as plataformas digitais, “Adrenalizou”.
São 12 canções, cinco inéditas, um remix e uma versão acústica, totalizando 14 músicas. Nem precisa fazer o teste pelo seu principal sucesso, “O Sol”, que já vai para 100 milhões de views no YouTube e que ganhou “versões” ilustres de fãs como Neymar, Gabriel Medina e Luciano Huck.
Pode pegar uma das cinco inéditas, como “Adrenalizou”, que batiza o disco e tem a base Vitor Kley sobre uma cama de efeitos eletrônicos, que remete a pista, mas que tem a mesma vibe solar de todas as suas composições.
Por falar em vibe solar, o disco abre com “O Sol”, que mesmo sendo um hit quase incomparável neste 2018, ainda merece novas análises, como ouvi-la pelo viés da dinâmica que propõe a cada camada da canção. Perceba como o tom salta quando ele canta “E quando você vem/Tudo fica bem mais tranquilo” ou “E toda vez que você sai/O mundo se distrai”. Ou simplesmente coloque para rodar e desfrute.
“Morena”, outro enorme sucesso, que divide com um dos principais artistas da música eletrônica hoje, Bruno Martini, vem na sequência e reforça o conceito de que tanto faz a cama, orgânica ou eletrônica, a assinatura de Vitor estará lá, inconfundível.
“Acho demais perceber que meu violão, composição e voz são essenciais para esse resultado. Todo artista busca essa identidade, ser de algum jeito uma referência. Que as pessoas ouçam uma parada e falem: ‘isso é bem Vitor Kley’”, diz o cantor.
Seguem “Adrenalizou” e mais três inéditas, “Marambaia”, uma balada pop roqueira com violão que vai do solo flamenco para latino, “Como se Fosse Ontem”, que mistura dedilhado de violão com beat eletrônico e loop de baixo e bateria, e “Bem Te Vi”, uma parceria com Kell Smith. Nesta, entre o violão e a batida eletrônica, os dois brincam de cantar, com Kell abrindo com vocal poderoso e emendando em métrica rap sem perder o beat da música e os dois vocais se misturando em harmonia.
“Farol”, uma balada de violão, arranjo de cordas e piano, “Onde Você Está”, dona de baixo funkeado sobre violão e batida eletrônica, e “Armas a Nosso Favor”, quase um reggae/ska, emendam no álbum e ganham nova produção de Rick Bonadio (que assina também a direção artística).
A relação entre Vitor e Rick tem magia, aliás, desde o início.
A foto do single de “O Sol” era para ter sido descartada, mas Rick gostou e ele mesmo fez uma versão da capa, que foi a definitiva. E a música aconteceu por certa insistência de Vitor. Ele gostava demais dela e achava que Rick não estava dando tanta bola. Até o dia em que o produtor o chamou e falou que tinha mexido “naquela música”. Deu no que deu (e que está no começo deste texto).
“Flor” é a quinta inédita, uma balada suave de violão, piano e bateria. “Dois Amores”, com sua pegada reggae e alto-astral e “A Noite Cai”, que segue mais para o pop rock, fecham a dúzia do álbum. Versão remix de Apollo 55 de “O Sol” e acústica de “Morena” completam as 14.
“É muito massa (lançar um álbum cheio), é a união de tudo, de todos os projetos dos últimos anos com o Midas, que é minha família. É oportunidade de relembrar algumas outras músicas que não tiveram exposição tão grande mas que gosto demais”, diz Vitor.
E daqui para frente? Singles, EPs, discos, estrada, turnês sem fim pelo Brasil, quais são os planos?
“Em todas as etapas da minha trajetória têm acontecido mistérios. Gravei meu primeiro disco aos 13 anos (ele tem 24 hoje). Por isso vivo um momento de cada vez. Sei que ali na frente virá algo incrível, que conseguirei fazer as pessoas felizes, então aproveito para curtir a caminhada”, diz, sabiamente.
“A vida não erra”, emenda Vitor e encerra o assunto. De maneira solar, como tudo o que faz.