Comemorar “Sem Pressa” pode soar dúbio, mas é o que o artista Xandú está vivendo após o lançamento de seu recente single. A canção, que fala sobre nostalgia, tem como elo uma união de públicos que podem estar separados geograficamente, mas se identificam pelo cotidiano caótico quando, na verdade, tudo o que querem é pegar uma praia e curtir o mar.
O Caderno Pop bateu um papo com o artista, que contou mais sobre suas referências – das clássicas às mais recentes – e do momento em que está vivendo. Confira!
CP: Para quem ainda não te conhece conte um pouco sobre o seu projeto e como você se vê inserido no mercado atualmente.
Xandú: O projeto nasceu durante a pandemia, trancado em uma casinha com o produtor das canções, o João Bento. As músicas que estão disponíveis nas plataformas são um grande apanhado desses experimentos. Com o tempo, fomos amadurecendo como artistas e vendo o rumo que essas canções tomavam. Eu como cantor e compositor, e o João Bento como produtor. Eram tempos de incerteza e de certa angústia, mas de certa forma, nesse sentido de descoberta e amadurecimento musical, foi importante passar por aquilo tudo. Eu me vejo, pouco a pouco inserido nessa nova cena de artistas de música pop/experimental que começaram a lançar seus sons a partir da pandemia.
CP: Ao ouvir suas músicas é possível perceber diversas referências musicais além da mistura sutil de gêneros. Como você se utiliza dessas fontes?
Vindo do interior do nordeste é natural que eu tenha tido contato com uma porção de universos musicais diferentes. Acho que só vim tomar consciência recentemente do quão importante as canções de raiz nordestina, bem como o que chegava via novas mídias como a MTV, os players dos primórdios da Internet e as bandas que descobri passeando em alguns buracos de Fortaleza, foram. Como qualquer adolescente, eu queria ser aqueles caras em cima do palco, fosse o vocalista cabeludo da Calcinha Preta ou o saudoso Chester Bennington, do Linkin Park. Acho que isso perdura até hoje, tem muita gente que eu admiro e volta e meia fico meio obcecado e isso acaba influenciando nas minhas composições também. Talvez por causa dessa criação e contato com esses universos, hoje consigo ver beleza em (quase) todos os estilos musicais e extrair algo daquilo que mais tarde vá ser usado no meu trabalho. Porque a gente não inventa a roda, somos uma máquina muito perfeita que guarda tudo no subconsciente. Mas tem muita coisa das influências roqueiras do João Bento também. Tem sempre um riffzinho bem característico dele aqui ou ali. Além dos corais.
CP: “Sem Pressa” é uma faixa que conversa muito com o público da geração atual e até da anterior, que está cansado do cotidiano e da rotina massante. Você viveu essa experiência do dia a dia? Quais são seus refúgios?
É algo que passo corriqueiramente. Lá de onde vim, o mar era o refúgio. Tá triste? Bora pra praia ficar olhando as ondas quebrarem com alguma trilha sonora melancólica nos fones. Tá feliz? Bora pra praia com a galera tomar alguns litrões embalados por algum brega-funk na caixa de som. Aqui em São Paulo, gosto muito de caminhar com meus fones de ouvido (às vezes por horas), pedalar e de vez em quando visitar algum Sesc. Acho que a cidade tem muito a oferecer pra quem tem algum tempo, mas morar perto do mar é impagável e continua nos meus planos.
CP: Monte uma playlist! Conte pra gente 5 faixas/artistas que não saem da sua playlist quando o assunto é criar!
Sou eclético e adoro uma nostalgia, e nostalgia não é só sobre as coisas que eu ouvia antigamente e ainda ouço. Existem bandas um tanto quanto novas que conseguem exprimir isso, essa sensação nostálgica, quase sofrida que adoro.
1 – Supercolisor (banda foda de Manaus a quem tenho o prazer de chamar de amigos). Ouve qualquer coisa, é tudo muito bom, mas acho que minha favorita é “3 Luzes Fixas” do Álbum Zen Total do Ocidente.
2 – Mateus Fazeno Rock. “Nome de Anjo” é uma canção que eu queria muito ter escrito
3 – Daniel Caesar – Are You Ok?
4 – Terno Rei. Gosto de quase tudo desde o primeiro disco, mas “Circulares” e a mais recente “Brutal” são canções que nunca saem dos meus fones.
5 – Yoñlu – Humiliation
Menção honrosa para meus artistas favoritos da vida: Fresno, Copeland, Milton Nascimento e Frank Ocean.
CP: O público pode esperar por shows em breve? O que já podem adiantar pra gente?
Sim! O formato do meu show ainda é bem intimista. Nunca me apresentei em grandes palcos com esse projeto. E tenho gostado disso, olhar no olho da galera e as interações que só esse tipo de apresentação permite. Então no comecinho do ano que vem estou me movimentando, junto com outros artistas que tão nessa mesma sintonia, pra fazer algumas apresentações no Eixo, que é o que a gente consegue à curto prazo – RJ, Minas e SP. Mas quero muito tocar em Fortaleza, que é a minha cidade, com esse show e em breve estar mais bem preparado pra rodar o Brasil e países vizinhos onde tenho muitos amigos queridos.
Um passo de cada vez.