Anote este nome: WES chegou. O artista independente é natural da Baixada Fluminense e faz a sua estreia na cena musical com 777, EP inaugural que chega a todos os aplicativos de áudio nesta sexta-feira, 16. Composto por quatro faixas, o projeto convida o ouvinte a mergulhar nas vivências, desejos e paixões do cantor e compositor. Sons influenciados pelo trapfunk, house music, club e R&B fazem a tracklist, que tem a produção musical assinada por Arthur Lastra.
O nome do registro foi resultado de uma “pesquisa interior”, que resultou em um título de significado pessoal e espiritual: “Na numerologia, 777 diz respeito ao ‘caminho certo’, uma boa sorte. Sinto que eu estou no caminho certo estando na música, nunca me senti tão vivo como me sinto hoje em dia… tão salvo pela arte”, revela o artista, que iniciou sua carreira na cena underground do Rio de Janeiro.
Repleto de letras tão honestas quanto descaradas (no melhor sentido possível), o EP é um passeio pela persona cheia de confiança de seu intérprete. É o caso de “Bala Bala”, faixa de abertura do registro. Aqui, o trapfunk sombrio da produção chega para embalar a narrativa de sexo e autoestima presente na letra.
Aliás, a sexualidade é parte importante da lírica de WES, que não tem papas na língua ao narrar relações românticas e casuais, de forma sempre honesta e irreverente. Como pessoa negra e LGBTQIAP+, aqui o artista faz mais do que uma estreia musical: faz o registro vivências poucas vezes abraçadas na cultura pop brasileira.
Faixa-foco do projeto, o single “Sigilin Mozão” é um dos destaques da tracklist. Cheia de flerte e marra, a faixa de versos rápidos e produção afiada é o cartão de visitas perfeito para quem ainda não conhece o trabalho do artista. “Sigilin mozão/Tô na favela/Quero te ver/Tô no Mandela”, ele canta no refrão, cheio de confiança.
A faixa é seguida por “Saudade”, momento mais reflexivo e lento do registro. A love song narra a intimidade e a química de um casal, mas foge dos clichês do amor romântico: o WES “brabo” segue vivíssimo. “Di All Blakk” fecha o repertório, numa viagem inusitada pela house music – ritmo que, assim como o funk, tem fortíssima influência na cultura queer e preta.
“O EP e toda a sua estética é sobre o meu arrebatamento, eu percebendo que eu posso, eu consigo, eu tenho o dom para fazer as coisas acontecerem. E isso só depende de mim”, reflete WES, ao analisar os elementos visuais do trabalho. Para ele, o fogo presente na capa e contra-capa do projeto é símbolo da superação dos obstáculos e medos. Essa filosofia inspira-se na história do personagem Aang, do desenho animado “Avatar: The Last Airbender”.