Se tem alguém que sabe como fazer um boom na indústria musical, esse alguém é Beyoncé. Quando lançou “Lemonade“ em 2016, não entregou só um álbum, mas uma verdadeira narrativa visual que marcou o início de uma nova era: os álbuns visuais. Porém, apesar de “Queen B” ter popularizado a prática, é inegável que a ideia já rondava o universo da música há algum tempo. Lembra de “Purple Rain“? Prince praticamente escreveu o manual sobre como criar uma narrativa audiovisual completa para acompanhar um disco.
Mas, enquanto “Lemonade” foi o marco zero para esse formato ganhar força no mainstream, o que aconteceu depois? Por que os álbuns visuais não se tornaram uma febre global?
Bem, vamos começar pelo óbvio: criar um álbum visual é um trabalho insano. Não é só gravar algumas músicas e pronto, precisa ter toda uma produção cinematográfica envolvida. E isso custa caro – tipo, muito caro! Além disso, a era do consumo rápido não ajuda. Hoje, a gente mal tem tempo de ver um clipe de três minutos até o final, quanto mais se comprometer com uma obra audiovisual extensa que exige atenção, concentração e… bom, um tempinho extra. Quem tem?
Agora, se o artista decide lançar os vídeos em partes – um de cada vez –, a coisa complica ainda mais. A continuidade se perde, a imersão vai embora, e o impacto inicial, muitas vezes, se dilui. É como assistir a um filme picado em vários trailers; não tem como manter o público fisgado.
Outro ponto crítico é o retorno financeiro. Você investe uma fortuna em algo que, na maioria das vezes, não gera o retorno esperado. As plataformas de streaming ainda são dominadas por álbuns puramente musicais, o que faz com que esse tipo de projeto visual acabe sendo uma jogada arriscada. E quando falamos de premiações, como escolher qual clipe priorizar quando o álbum é uma obra contínua? Difícil, né?
Resumindo, por mais que álbuns visuais sejam uma proposta incrível e um jeito único de contar histórias, eles exigem um comprometimento que nem sempre compensa. A era do consumo rápido, os altos custos e a dificuldade em manter a imersão do público tornaram essa prática um desafio cada vez maior. Beyoncé pode ter elevado o formato a um novo patamar, mas nem mesmo a rainha conseguiu transformar isso em uma tendência sustentável a longo prazo.
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