A 78ª edição do Festival de Cannes chegou ao fim neste sábado (24) com o anúncio oficial dos premiados, após dez dias de exibições intensas, debates e expectativas. O júri da competição principal foi presidido pela atriz francesa Juliette Binoche e contou com nomes de peso como Halle Berry, Payal Kapadia, Alba Rohrwacher, Leïla Slimani, Dieudo Hamadi, Hong Sangsoo, Carlos Reygadas e Jeremy Strong. Entre os 22 filmes em competição, a seleção deste ano reafirmou o papel do festival como uma vitrine para o cinema autoral internacional e como termômetro das tensões traduzidas pela linguagem cinematográfica.
“A Simple Accident” leva a Palma de Ouro na edição 2025 do Festival de Cannes

A Palma de Ouro foi concedida ao iraniano Jafar Panahi por “Un Simple Accident”, uma obra crua e ética sobre culpa, justiça e sobrevivência em um regime repressivo. O filme marcou o retorno de Panahi ao centro das atenções após anos de restrições impostas pelo governo do Irã, e foi amplamente reconhecido pela crítica como um dos projetos mais potentes de sua carreira.
O Grande Prêmio do Júri foi para “Affeksjonsverdi” (“Sentimental Value”), dirigido pelo norueguês Joachim Trier, que apresenta um drama familiar de reconstrução afetiva com o estilo contido e emocionalmente preciso que consolidou a reputação do cineasta.
O Prêmio do Júri foi dividido entre dois filmes: “Sirât”, de Oliver Laxe, e “Sound of Falling”, de Mascha Schilinski. Ambos os títulos abordam o abismo entre o sagrado e o colapso moderno com abordagens visuais distintas, mas igualmente sensoriais.
Kleber Mendonça Filho conquistou o prêmio de melhor direção com “O Agente Secreto”, um thriller político inspirado na obra de Joseph Conrad, adaptado ao contexto sul-americano e ambientado entre Brasília e Recife. O filme também rendeu a Wagner Moura o prêmio de melhor ator, consolidando o projeto como um dos grandes destaques da edição.
Na categoria de melhor roteiro, os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne venceram com “Jeunes Mères”, reafirmando sua autoridade como cronistas da dignidade e dos conflitos da classe trabalhadora europeia.
Nadia Melliti foi reconhecida como melhor atriz por sua atuação em “La Petite Dernière”, dirigido por Hafsia Herzi, entregando uma performance de vulnerabilidade crescente e afirmação de identidade em um drama de amadurecimento.
O Prêmio Especial do Júri foi concedido a “Kuang Ye Shi Dai” (“Resurrection”), de Bi Gan, um dos projetos mais enigmáticos da mostra principal, combinando temporalidade quebrada e linguagem poética.
Na competição de curtas, a Palma de Ouro ficou com “I’m Glad You’re Dead Now”, dirigido por Tawfeek Barhom. A menção especial foi para “Ali”, de Adnan Al Rajeev.
Na seção Un Certain Regard, o prêmio principal foi entregue ao chileno Diego Céspedes por “La Misteriosa Mirada del Flamenco”, que mistura realismo e lirismo na narrativa de uma juventude observadora e marginal. O Prêmio do Júri foi para “Un Poeta”, de Simón Mesa Soto. A melhor direção ficou com a dupla palestina Arab e Tarzan Nasser por “Once Upon a Time in Gaza”, enquanto os prêmios de interpretação foram para Cleo Diára por “O Riso e a Faca”, de Pedro Pinho, e Frank Dillane por “Urchin”, de Harris Dickinson. O prêmio de melhor roteiro ficou com “Pillion”, de Harry Lighton, em sua estreia como diretor.
A Caméra d’Or, dedicada ao melhor primeiro longa-metragem do festival, foi atribuída a “The President’s Cake”, de Hasan Hadi, exibido fora da competição principal, mas com forte impacto entre críticos e distribuidores. A Quinzena dos Realizadores também premiou com menção especial “My Father’s Shadow”, completando uma edição marcada pela diversidade geográfica e pela contundência política e emocional das obras selecionadas.
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