“A Hora do Silêncio” busca algo raro no gênero de ação: equilibrar adrenalina e sensibilidade em um enredo que explora limitações humanas e conexões improváveis. Sob a direção de Brad Anderson, o filme caminha na linha tênue entre o drama intimista e o thriller policial, acertando em alguns momentos, mas desviando o caminho em sua própria simplicidade.
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Joel Kinnaman interpreta Frank Shaw, um detetive de Boston que perdeu a audição após um acidente em serviço. Esse trauma é o ponto de partida para uma história que se torna uma montanha-russa de tensão e violência quando Frank é recrutado por seu ex-parceiro para ajudar a interrogar Ava Fremont (Sandra Mae Frank), uma testemunha surda que possui provas comprometedoras contra uma perigosa organização criminosa. A dinâmica entre os dois personagens é o coração do filme, uma relação construída em olhares, gestos e, ocasionalmente, em ASL (Linguagem Americana de Sinais), o que adiciona uma camada de autenticidade e frescor.
Kinnaman entrega uma performance sólida, como era esperado de um ator com seu histórico. Ele equilibra vulnerabilidade e resiliência de maneira convincente, retratando um homem que, embora marcado por sua condição, ainda encontra forças para lutar. Sandra Mae Frank, por sua vez, é uma revelação. Sua Ava é um exemplo de inteligência e instinto de sobrevivência, sem jamais cair em estereótipos. A química entre os dois sustenta os momentos mais emocionantes e faz o espectador torcer por eles em meio ao caos.
O roteiro de Dan Hall, no entanto, deixa a desejar em vários aspectos. A trama, embora funcional, segue uma cartilha previsível de perseguições, reviravoltas e impasses. O conceito de um thriller de sobrevivência envolvendo personagens surdos é intrigante, mas o filme não aproveita plenamente seu potencial. Falhas lógicas no desenvolvimento da história, como a maneira apressada com que certos conflitos são resolvidos, acabam comprometendo a imersão.
Brad Anderson, por outro lado, utiliza sua experiência em criar atmosferas tensas para compensar algumas dessas falhas. O design de som, com momentos de silêncio absoluto contrastando com trilhas sonoras minimalistas, coloca o público na pele de Frank, aumentando a sensação de vulnerabilidade. Ainda assim, as cenas de ação carecem de inventividade, e o suspense nem sempre é bem sustentado. Em alguns momentos, o filme parece mais interessado em sua estética do que na profundidade de sua narrativa.
Apesar de seus desvios, “A Hora do Silêncio” oferece algo raro: uma tentativa honesta de explorar personagens e situações fora do comum no gênero de ação. A interação entre Kinnaman e Frank é autêntica e envolvente, e a abordagem do filme sobre as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência auditiva é genuína, mesmo que o restante do enredo fique aquém.
Vale a pena?
Se você busca um thriller com um toque sensorial e emocional, “A Hora do Silêncio” tem o que oferecer. Embora previsível e por vezes limitado, o filme compensa suas falhas com personagens bem construídos e performances interessantes. Ele apresenta uma abordagem diferente o suficiente para manter o interesse, especialmente nos momentos em que o silêncio fala mais alto.
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