Steve McQueen, conhecido por sua habilidade em capturar a humanidade em meio ao caos, traz em “Blitz” um drama que, ao mesmo tempo em que toca o íntimo, se esforça para alcançar o épico. Situado durante o bombardeio de Londres na Segunda Guerra Mundial, o filme se constrói em torno do pequeno George, interpretado com sensibilidade por Elliott Heffernan. Sua jornada de fuga e reencontro transforma o cenário histórico em pano de fundo para um conto de coragem familiar.
O filme se destacou na shortlist divulgada pelo Oscar e também apareceu em previsões de renomadas publicações, como a Variety. Além disso, segue em campanha para a premiação marcada para março de 2025.
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Há momentos em que o filme brilha com intensidade. A direção de McQueen confere autenticidade às cenas de destruição e desespero, especialmente nos retratos de Rita, vivida por Saoirse Ronan. Seu desespero como mãe separada do filho é palpável e se torna o coração emocional da narrativa. Os efeitos visuais merecem menção especial, as recriações das ruas devastadas de Londres são detalhadas e imersivas, ao ponto de parecerem uma pintura em movimento.
Ainda assim, “Blitz” carrega o peso de suas próprias ambições. Enquanto tenta desconstruir as narrativas glorificadas da guerra, o filme tropeça na escala. Muitos momentos que poderiam aprofundar os personagens são tratados de maneira apressada, como se pedaços da trama tivessem sido sacrificados na sala de edição. O personagem de Harry Dickinson, por exemplo, é praticamente um fantasma na narrativa. Apesar de sua presença em cena, sua função dentro da história é vaga, deixando o espectador com a sensação de que algo ficou faltando.
Talvez a maior falha de “Blitz” seja sua tentativa de abraçar demais. O filme quer ser íntimo e épico ao mesmo tempo, mas nem sempre encontra o equilíbrio. Enquanto “Hope and Glory”, de John Boorman, usava o Blitz como um pano de fundo para um conto de amadurecimento, McQueen parece dividido entre explorar os aspectos pessoais e os comentários sociais. Essa hesitação prejudica a conexão emocional com os personagens, tornando difícil se importar plenamente com o destino deles.
Por outro lado, a tentativa de desromantizar a guerra é corajosa. McQueen evita glorificações desnecessárias e pinta a Segunda Guerra Mundial com tons mais sombrios e humanos. Mas a execução, por vezes, soa mais como uma provocação do que uma exploração genuína. “Blitz” é um filme que desafia, mas não entrega tudo o que promete.
Para quem busca um épico definitivo sobre a Batalha da Grã-Bretanha, a espera continua. No entanto, “Blitz” merece crédito por sua ambição e pelo olhar moderno sobre um evento tão marcante. Só fica a sensação de que, em mãos mais seguras ou menos podadas, poderia ter sido o grande filme de guerra que McQueen claramente queria entregar.
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