“Entre Montanhas” é uma experiência cinematográfica que transita entre o thriller de ação e a ficção científica, ancorada na relação improvável entre dois agentes isolados em lados opostos de um desfiladeiro enigmático. Dirigido por Scott Derrickson, o filme se apoia na presença magnética de Anya Taylor-Joy e Miles Teller para construir um drama de sobrevivência que oscila entre o intimismo e a grandiosidade visual. O filme chegou no catalogo da Apple Tv+ em 14 de fevereiro de 2025.
Saiba o que chega aos cinemas em fevereiro de 2025

O longa estabelece sua atmosfera com um início frio e metódico, onde os diálogos minimalistas e a abordagem soturna podem afastar espectadores que buscam um ritmo mais acelerado. No entanto, quando o personagem de Teller se acomoda em sua torre e começa a interagir com a personagem de Taylor-Joy, a dinâmica se transforma. O vínculo entre os protagonistas é o cerne do filme, e a química entre os atores consegue sustentar a narrativa mesmo quando o roteiro apresenta fragilidades. Há momentos em que a interação dos dois flerta com o melodrama, mas a direção mantém um equilíbrio satisfatório, evitando exageros.
A grande reviravolta ocorre quando o filme expande seu escopo para o elemento de terror místico. A ameaça invisível que habita o desfiladeiro adiciona uma camada de tensão e reforça a sensação de isolamento, mas a transição para essa temática não é completamente orgânica. Em alguns momentos, o longa parece indeciso entre ser um thriller psicológico focado na relação dos protagonistas ou uma história de horror sobrenatural. Esse conflito resulta em um terceiro ato que, embora visualmente impressionante, carece de desenvolvimento narrativo suficiente para justificar sua grandiosidade.
A estética do filme é um dos seus pontos altos. A fotografia explora bem a imensidão do desfiladeiro, utilizando ângulos abertos e uma paleta de cores desoladora para enfatizar o isolamento dos personagens. A trilha sonora é funcional, mas discreta, apoiando-se no silêncio para construir suspense. O design sonoro, por sua vez, desempenha um papel crucial na criação do ambiente opressivo, especialmente nas sequências que envolvem a ameaça oculta.
No que diz respeito ao roteiro, “Entre Montanhas” apresenta tanto acertos quanto falhas. A estrutura da primeira metade é eficiente ao desenvolver a relação entre os protagonistas, mas o filme perde força ao introduzir o elemento monstruoso sem uma base sólida. Algumas reviravoltas são previsíveis, e a resolução final, embora satisfatória em termos emocionais, deixa a desejar no quesito coerência interna.
As atuações são, sem dúvida, um dos pilares do filme. Taylor-Joy entrega uma performance intensa, conferindo profundidade à sua personagem mesmo quando o roteiro não a favorece. Teller, por sua vez, apresenta um desempenho competente, embora sua presença em tela seja ofuscada pela força de sua coestrela. Os personagens secundários são pouco explorados, o que limita o impacto de certos eventos e reduz a complexidade da trama.
O filme se beneficia de uma atmosfera bem construída e de uma dupla protagonista carismática, mas a indecisão quanto ao tom e à direção narrativa impede que atinja seu potencial máximo. Para aqueles que buscam um thriller com boas atuações e uma proposta visual interessante, vale a pena conferir. No entanto, para quem espera uma história coesa e inovadora, talvez a jornada não seja tão recompensadora quanto promete.
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