“Aspiral” é o nono álbum de estúdio da banda holandesa Epica, consolidando-se como um marco maduro em mais de duas décadas de atividade ininterrupta dentro do metal sinfônico. Ao mesmo tempo em que mantém a assinatura sonora que a tornou referência no gênero, a banda investe em novas estruturas, arranjos ambiciosos e uma performance coletiva de excelência. O resultado é um trabalho que honra a própria tradição, mas com ousadia suficiente para reimaginar suas possibilidades.
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A base conceitual de “Aspiral” gira em torno da transformação e da continuidade, temas condensados no acrônimo “T.I.M.E.” (Transformação, Integração, Metamorfose e Evolução), presente tanto como faixa quanto como ideia-chave que atravessa o disco. Em termos de composição, o álbum equilibra com precisão as influências do power, do death melódico e do prog metal, sem sacrificar os pilares orquestrais e corais que sempre sustentaram a estética da banda. É um trabalho que reconhece sua própria linhagem, mas se recusa a permanecer estático.
A produção é meticulosamente cuidada: os arranjos orquestrais de Coen Janssen têm papel central, evocando uma escala cinematográfica que nunca se sobrepõe à instrumentação pesada, mas atua em simbiose. A voz de Simone Simons continua sendo uma das mais imponentes do metal moderno — sua entrega emocional em faixas como “Obsidian Heart”, “Apparition” e “The Grand Saga of Existence – A New Age Dawns Part IX” mostra um domínio técnico refinado, mas também uma expressividade amadurecida.
No outro extremo, os vocais extremos de Mark Jansen adicionam contraste e densidade, especialmente em faixas como “Metanoia — A New Age Dawns Part XIII” e “Eye of the Storm”, onde seu gutural assume protagonismo em momentos de tensão e agressividade. O equilíbrio entre os dois vocalistas nunca parece forçado; ao contrário, é o motor emocional do disco.
A seção rítmica, liderada por Ariën van Weesenbeek, entrega uma performance irrepreensível. A bateria atua como elemento dramatúrgico, com transições que sustentam a tensão narrativa do álbum e variações rítmicas que contribuem para a fluidez do conjunto. Destaque também para Rob van der Loo, cujo baixo ganha presença mais marcante do que em discos anteriores, mesmo que ainda existam trechos em que sua mixagem poderia ser mais generosa.
As guitarras de Isaac Delahaye e Mark Jansen são o alicerce do dinamismo do álbum. As estruturas riffadas de “Arcana” e “Cross the Divide” dialogam com as linhas melódicas grandiosas de “Darkness Dies in Light – A New Age Dawns Part VII” e os solos intricados de “Apparition”, resultando em um equilíbrio técnico e emocional raramente alcançado no gênero. A atenção aos detalhes se estende aos momentos de transição, como os breakdowns surpreendentemente eficazes em “Fight to Survive – The Overview Effect”, que evitam o peso gratuito e revelam arranjos inteligentes.
O repertório, dividido em 11 faixas, é coeso e construído com esmero, sem excessos narrativos ou rupturas abruptas de atmosfera. Ainda assim, a faixa de encerramento, “Aspiral”, embora posicionada de forma lógica, sugere certa diluição emocional, prolongando-se além do necessário e comprometendo ligeiramente a força do fechamento. É um detalhe mínimo frente a um corpo de trabalho que prima pela consistência e pelo impacto.
O Epica alcança, com “Aspiral”, um equilíbrio notável entre inovação e permanência. Trata-se de um disco que reflete a longevidade e o domínio técnico do grupo, mas que também aponta para novas direções, com arranjos mais aventureiros, estruturas mais complexas e um senso de identidade consolidado. A produção grandiosa, os vocais em estado de graça, a qualidade da execução instrumental e a coerência do conceito fazem de “Aspiral” um dos álbuns mais completos da carreira da banda.
Embora algumas faixas ofereçam riscos leves e certas decisões de dinâmica possam ser questionadas em momentos pontuais, o disco se impõe pela solidez da composição e pelo alto padrão de performance. O Epica reafirma seu protagonismo no metal sinfônico global com uma obra que é, ao mesmo tempo, homenagem à própria trajetória e celebração do espírito de reinvenção.
Nota final: 88/100
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