Ethel Cain retorna ao centro do cenário musical com “Perverts”, uma obra provocativa, arriscada e incrivelmente desconfortável. Lançado em 8 de janeiro de 2025, o trabalho não se posiciona como um álbum tradicional, mas como uma experiência imersiva que desafia os limites do slowcore e da música ambiente. Este não é um disco para os fracos de coração: é sombrio, desolador e inquietantemente honesto, com camadas de som que parecem sussurrar segredos sombrios diretamente no ouvido do ouvinte.
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Desde “Preacher’s Daughter”, sua estreia aclamada de 2022, Cain construiu uma identidade musical inconfundível. Naquele disco, ela explorava temas como violência, religião e trauma familiar, mas em “Perverts”, ela abandona narrativas lineares e mergulha de cabeça no abstrato. Gravado entre Coraopolis, na Pensilvânia, e Tallahassee, na Flórida, o disco é um mosaico de referências industriais, drones e ecos que mais sugerem do que mostram.
O single principal, “Punish”, sintetiza a proposta de Cain de forma brutal. A faixa é uma confissão velada, uma conversa íntima entre a artista e o ouvinte, na qual os vocais sussurrados e carregados de emoção se sobrepõem a pianos reverberantes e acordes dissonantes. A canção cresce em intensidade, como uma tormenta sonora que culmina em um clímax “doomgazey” que é ao mesmo tempo devastador e transcendental. Em seus versos, Cain parece lidar com culpa, redenção e uma violência interna que se manifesta em suas composições. O peso emocional é palpável, como se cada nota carregasse um fardo ancestral.
Não é surpresa que a música tenha sido comparada ao trabalho de artistas como Throbbing Gristle e Nicole Dollanganger. A construção sonora lembra um mosaico fantasmagórico, no qual melodias delicadas são lentamente corroídas por ruídos industriais. Essa dualidade entre beleza e caos é a espinha dorsal de “Perverts” e faz de cada faixa uma jornada imprevisível.
Mais do que um conjunto de músicas, “Perverts” é uma provocação artística que desafia tanto os padrões da indústria quanto as expectativas do público. Cain, que já havia mostrado uma inclinação por narrativas sombrias, parece aqui desinteressada em agradar ou entreter de forma convencional. Ela entrega uma obra que exige entrega total do ouvinte, recompensando com uma experiência que é ao mesmo tempo perturbadora e catártica.
Este não é um trabalho que agradará a todos, mas para quem mergulhar de cabeça, “Perverts” oferece um dos retratos mais crus e sinceros da condição humana. Cain redefine o que significa fazer arte em uma era saturada por sons descartáveis.
Nota final: 90/100
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