“Isca” (“Something in the Water”) apresenta uma premissa clássica para filmes de tubarão: um cenário paradisíaco que rapidamente se transforma em um pesadelo mortal. Meg, Lizzie, Cam, Ruth e Kayla (cinco amigas que se reúnem para comemorar um casamento) embarcam em uma aventura que deveria ser memorável, mas acabam enfrentando o terror absoluto nas águas cristalinas do Caribe. Apesar de prometer tensão, drama e uma boa dose de adrenalina, o filme falha em aproveitar o potencial dessa trama.
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O maior problema de “Isca” é a superficialidade com que aborda seus elementos centrais. A tentativa de criar profundidade emocional ao explorar os traumas e os conflitos internos das personagens até começa bem, mas logo se dissolve em diálogos fracos e uma execução apressada. O que poderia ser um estudo interessante sobre a dinâmica de amizades e como elas reagem sob extrema pressão é reduzido a clichês e personagens sem substância. A noiva, Lizzie, é calma além do crível em situações de perigo; Kayla, a ex de Meg, parece existir apenas para acirrar pequenos dramas interpessoais; e o resto do grupo mal recebe desenvolvimento suficiente para gerar empatia. A desconexão emocional com o elenco principal prejudica gravemente a experiência.
Quando finalmente chegamos ao confronto com o tubarão, o suspense já se diluiu. A construção inicial até consegue transmitir o isolamento e a vulnerabilidade do grupo, mas o ritmo inconsistente e a falta de reviravoltas impactantes tornam o terror previsível. As cenas de ação, embora bem produzidas em termos de efeitos visuais, carecem de impacto emocional. O tubarão, que deveria ser o ápice do horror, aparece tarde demais e com pouca ferocidade. É como se o perigo fosse um coadjuvante, em vez de ser o coração pulsante da história.
A produção acerta ao capturar o ambiente opressor e vasto do oceano, com águas profundas que quase parecem engolir as personagens. O sangue e o caos são retratados com um realismo convincente, e há momentos isolados de tensão que lembram filmes como “Mar Aberto” ou “Águas Rasas”. No entanto, ao invés de criar algo único, “Isca” parece apenas um híbrido sem brilho desses dois sucessos, incapaz de atingir o mesmo nível de intensidade.
Outro ponto fraco é o diálogo. As falas soam artificiais e, em muitos momentos, risíveis. Em uma situação de vida ou morte, as personagens lançam frases que mais parecem saídas de um filme de ação dos anos 80, o que quebra qualquer tentativa de imersão. Essa abordagem, somada às reações exageradas, transforma momentos de tensão em quase paródias involuntárias.
“Isca” é o exemplo perfeito de como uma boa ideia pode ser prejudicada por uma execução pobre. Há lampejos de potencial em sua premissa e na qualidade técnica de algumas cenas, mas eles são abafados por uma narrativa preguiçosa, personagens esquecíveis e um clímax decepcionante. É difícil recomendar o filme, a menos que você seja um entusiasta incansável de filmes de tubarão ou esteja em busca de algo que apenas sirva como entretenimento casual.
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