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Crítica: Lali, “No Vayas a Atender Cuando El Demonio Llama”

Texto: Ygor Monroe
5 de maio de 2025
em Música, Resenhas/Críticas
0

“No Vayas a Atender Cuando El Demonio Llama” marca um ponto de inflexão determinante na trajetória artística de Lali. Mais do que uma guinada estética ou um gesto nostálgico, o álbum é uma tentativa deliberada de reconfigurar seu lugar no pop argentino a partir da reinserção estratégica do rock nacional como força simbólica, política e afetiva. O projeto funciona como declaração de identidade: ao mesmo tempo em que reafirma sua base pop, Lali escancara as possibilidades elásticas do gênero e o contamina com a iconografia e a linguagem de uma tradição musical historicamente masculina e militante, assumindo um risco artístico calculado e, em boa parte, bem-sucedido.

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Crítica: Lali, "No Vayas a Atender Cuando El Demonio Llama"
Crítica: Lali, “No Vayas a Atender Cuando El Demonio Llama”

A escolha de fazer um disco centrado nas sonoridades do rock argentino dos anos 70 e 80 não é meramente estética. Trata-se de um posicionamento. Lali ativa, com consciência crítica, um legado de resistência que vai de Charly García a Fito Páez, não como cópia ou pastiche, mas como vetor discursivo. Ao mergulhar nessa memória coletiva, ela se conecta a um ethos sonoro que é, antes de tudo, comunitário, e que se opõe frontalmente à lógica higienizada do pop de exportação. A própria abertura do álbum, com timbres de guitarra distorcidos e bateria já sinaliza a ruptura com a linearidade dance de álbuns anteriores.

A produção, liderada por um time sólido e plural, é especialmente eficaz ao equilibrar elementos de época e atualizações contemporâneas. Baixos pulsantes, sintetizadores analógicos, riffs secos e mixagens sem brilho excessivo compõem uma paisagem sonora que dialoga com a austeridade crua do rock nacional, mas sem perder a sensibilidade pop que fez de Lali uma figura de alcance transversal. O uso de vocais mais crus e diretos, por vezes com menos tratamento digital, funciona como um gesto de vulnerabilidade artística: Lali quer ser ouvida sem o verniz.

Faixas como “Fanático” e “No Me Importa” condensam bem essa tensão entre o pop performativo e a raiva polida do rock político. Ambas operam com ironia e provocação, mas sem cair na caricatura. Existe uma contenção emocional estratégica que impede o disco de explodir em fúria, o que por vezes joga contra sua potência, mas também garante sua coesão. Em contrapartida, momentos mais introspectivos e melódicos, como os presentes na faixa-título, oferecem contraste e abrem espaço para nuances interpretativas. É nesse jogo de contenção e liberação que o álbum constrói sua arquitetura dramática.

Do ponto de vista lírico, Lali assume uma postura híbrida: entre o comentário político direto e a autorreflexão emocional, ela tateia diferentes registros. Não há panfletarismo, mas também não há neutralidade. A crítica social aparece filtrada pelo cotidiano e pela subjetividade, o que torna tudo mais potente. Quando se dirige, mesmo indiretamente, ao atual cenário político argentino, Lali não busca ocupar um papel de porta-voz, mas o de observadora participante. É um gesto de cidadania estética.

O disco perde um pouco de força na segunda metade, principalmente por certa repetição estrutural e melódica em algumas faixas menos memoráveis, que parecem funcionar mais como preenchimento do que como continuidade narrativa. Isso, no entanto, não compromete o conjunto da obra, que se sustenta por sua coerência de linguagem e clareza de propósito. É um trabalho que sabe exatamente o que quer ser: uma ponte entre o ontem e o hoje, entre o pop e o rock, entre o desejo de agradar e o impulso de romper.

“No Vayas a Atender…” é, sobretudo, um disco que amplia o léxico sonoro e simbólico da própria Lali. Ela se reinventa dentro de um paradigma que, paradoxalmente, já existia mas que agora é mobilizado a partir de sua voz, de sua geração e de seu corpo feminino num território historicamente masculinizado. Não se trata de um projeto que mira apenas na inovação, mas na ressignificação. E nesse movimento, Lali dá um passo ousado em direção a uma maturidade artística que recusa o lugar-comum. O resultado não é perfeito, mas é profundamente honesto, tecnicamente bem executado e emocionalmente ressonante.

Se o pop argentino busca se expandir sem perder sua alma, este disco aponta um caminho.

Nota: 88/100

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