Crítica: “Lobisomens” (Family Pack)

“Lobisomens (Family Pack)” é uma comédia de aventura fantástica que, em tese, abraça a ideia de uma família que literalmente se perde no tempo e no espaço após começar um jogo de tabuleiro amaldiçoado. Imagine “Jumanji” reimaginado, mas com um toque medieval e lobisomens famintos, onde a família Vassier é transportada de volta a 1497 para uma vila francesa assombrada. Em meio a um cenário sombrio e cheio de intrigas, eles devem desvendar quem, entre os habitantes e eles próprios, é o lobisomem.

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Crítica: “Lobisomens” (Family Pack) | Foto: Reprodução

O ponto de partida da história é uma reunião de família com Gilbert, o avô (interpretado por Jean Reno, que dá ao papel uma dignidade cômica e quase patética), onde seu filho Jérôme encontra no sótão um jogo de tabuleiro, “The Werewolves of Miller’s Hollow“. A brincadeira, porém, rapidamente sai do controle, e a família é sugada para um ambiente onde cada movimento pode ser mortal, com consequências reais e novos poderes sobrenaturais. Em uma narrativa que vai do cômico ao levemente assustador, os personagens devem enfrentar dilemas em um vilarejo repleto de mistérios, onde lobisomens são uma ameaça constante.

É aqui que o filme tenta – com variações de sucesso – uma abordagem familiar do gênero terror/comédia. François Uzan dirige uma narrativa que se esforça para equilibrar a atmosfera assustadora dos lobisomens com um humor leve, voltado para famílias. Não há aqui um grande terror (o que pode desapontar os fãs do gênero), mas sim uma comédia com toques de mistério, onde vemos uma família que se aproxima por meio dos desafios.

Apesar do esforço, o roteiro, escrito por Hervé Marly e Philippe des Pallières, deixa a desejar em profundidade. Para quem conhece o jogo de tabuleiro “The Werewolves of Miller’s Hollow“, a expectativa era de uma adaptação cheia de tensão e mistério, em que os personagens mergulham em um verdadeiro quebra-cabeça de dedução social, tentando descobrir a identidade dos lobisomens. O que vemos, porém, é uma história simplificada, onde piadas familiares e situações caricatas tomam o protagonismo. Há momentos de riso genuíno, especialmente nas interações entre os “turistas temporais” modernos e os moradores medievalmente atrasados. Uma cena particularmente hilária envolve um advogado moderno tentando explicar leis contra violência doméstica a uma esposa medieval que questiona confusa: “Nem um pouquinho?”

A comédia é o ponto alto do filme, mas o suspense fica em segundo plano. Os lobisomens aparecem em cenas de efeito prático, com transformações visuais que, embora curtas, são bem feitas para o público mais jovem. Essas cenas são assustadoras o suficiente para adolescentes, mas longe de impressionar fãs de horror. Para aqueles que apreciam filmes de lobisomens realmente assustadores, “Family Pack” vai parecer um passatempo inofensivo, que não acrescenta nada novo ao subgênero.

Ainda assim, existe um mérito em “Lobisomens” por criar uma história levemente divertida e acessível, especialmente para quem quer um filme de “terror” leve. A dinâmica familiar e a moral da união são exploradas de maneira previsível, mas funcional. A mistura de fantasia medieval com humor e uma pitada de aventura funciona, mesmo que deixe o espectador com a sensação de que o filme poderia ter sido mais.

Ao final, “Lobisomens” é um passatempo razoável, indicado para aqueles que procuram uma diversão em família sem grandes expectativas. Ele é como um jogo: diverte, faz rir, mas dificilmente será memorável. Para os que conhecem e amam o jogo original de lobisomem, talvez seja uma oportunidade de ver seus conceitos favoritos de dedução e suspeita no cinema, mesmo que seja em uma versão “legalmente distinta” de “Jumanji”.

Avaliação: 2.5 de 5.
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