Quando George Clooney e Brad Pitt se reúnem na tela, a expectativa é clara: charme, carisma e aquela química infalível que já conquistou o público em diversas ocasiões. “Lobos”, dirigido por Jon Watts, tenta capturar essa magia com uma mistura de ação e comédia, mas apesar dos esforços, o filme tropeça em suas ambições.

A trama gira em torno de dois solucionadores profissionais que se veem obrigados a colaborar em uma missão que rapidamente sai de controle. Clooney, o mais contido e metódico, contrasta com o personagem de Pitt, mais impulsivo e desorganizado. Essa dicotomia alimenta as melhores partes do filme: os diálogos rápidos e as piadas sobre envelhecimento são indiscutivelmente divertidos, com referências claras às carreiras e à trajetória pessoal dos atores. Essa autoconsciência é o que sustenta grande parte do humor, criando uma conexão nostálgica para os fãs de longa data.
Porém, fora a dinâmica entre Clooney e Pitt, “Lobos” enfrenta dificuldades em equilibrar seus elementos. O roteiro, que começa promissor, rapidamente se perde em uma série de eventos que parecem mais preocupados em preparar o terreno para uma possível sequência do que em desenvolver uma narrativa coesa. Personagens secundários surgem e desaparecem sem muita explicação, deixando a sensação de que algumas tramas ficaram soltas. A direção de Watts, embora competente em cenas individuais, falha em amarrar o ritmo geral do filme, criando momentos de estagnação em meio a sequências de ação que, por vezes, parecem deslocadas.
Um exemplo claro dessa inconsistência está na sequência do clube, que deveria aumentar a tensão, mas acaba gerando frustração. A cena em que Clooney e Pitt se escondem desajeitadamente atrás de colunas, culminando em uma dança aparentemente aleatória, é emblemática da desconexão entre o humor e a progressão da história. Esses desvios enfraquecem o impacto geral e fazem com que o filme pareça estar enchendo tempo, ao invés de contar uma história mais compacta e eficaz.
Por outro lado, Austin Abrams entrega uma atuação que traz um sopro de ar interessante à trama. Seu personagem coadjuvante oferece o equilíbrio necessário de humor e tensão, especialmente na cena do interrogatório, onde sua presença cria uma dinâmica interessante entre os veteranos Clooney e Pitt. Abrams consegue se destacar em meio a uma narrativa que, em vários momentos, se mostra fragmentada.
No fim das contas, “Lobos” entrega o que promete em termos de entretenimento leve e nostálgico, mas fica aquém de seu potencial. A química entre Clooney e Pitt é inegavelmente a força motriz do filme, mas o roteiro desconexo e o excesso de cenas desnecessárias dificultam que a produção alcance algo mais memorável. Para quem procura uma experiência sem grandes compromissos, “Lobos” pode ser uma diversão passageira, mas fica claro que, com um foco maior no desenvolvimento do enredo, o resultado poderia ter sido muito mais impactante.
“Lobos” já está disponível no catálogo da Apple TV+, sendo um dos destaques da plataforma.