Crítica: Lvcas, “Humanamente”

“Humanamente” traz para a mesa um Lvcas com ambição de se renovar, tanto para si quanto para seu público. É interessante como ele incorpora elementos do metalcore e hardcore, criando uma base sólida que homenageia suas influências enquanto permite interpretações únicas. O tom do disco é pesado e imersivo, claramente desenhado para levar o ouvinte a um confronto com seus próprios dilemas, recusando-se a oferecer concessões ao conforto.

Crítica: Lvcas, “Humanamente” | Foto: Reprodução

Um ponto que vale destaque é o formato ousado do álbum: 16 faixas. Em um cenário onde o consumo de música está cada vez mais voltado a produções concisas e diretas, essa abordagem pode afastar o ouvinte acostumado a projetos mais breves. No entanto, é preciso aplaudir a coragem de desafiar as tendências e explorar um formato mais robusto, que exige maior entrega e atenção do público. Esse risco faz parte do DNA de “Humanamente“, e contribui para reforçar a identidade do cantor.

Se estamos falando de um álbum de estreia, não há como ignorar o mérito de desviar-se da zona de conforto. Em vez de permanecer no entretenimento que o trouxe até aqui, Lvcas opta por um mergulho profundo em uma estética sonora mais bruta, crua e reflexiva. Essa escolha é especialmente evidente em faixas onde os vocais e a instrumentação carregam uma energia sombria, marcando uma ruptura com o que seu público talvez esperasse. É como se ele dissesse: “Este sou eu, com tudo que carrego por dentro.”

O disco não tenta reinventar o gênero, mas também não se conforma com rótulos fáceis. Há uma aposta genuína na autenticidade de Lvcas, algo que pode tanto conquistar quanto dividir opiniões. O humor, que surge pontualmente em algumas letras e trechos, adiciona uma leveza inesperada e mostra que ele mantém traços do artista de internet que cativou tanta gente. Esses momentos, longe de parecerem deslocados, revelam sua habilidade de transitar entre o sombrio e o inesperado, equilibrando o peso das mensagens com toques de irreverência.

A transição para um trabalho autoral revela uma complexidade interessante: ser acessível sem abrir mão do alternativo. Em um mercado que muitas vezes favorece o que é familiar, Lvcas desafia essa expectativa, entregando algo que talvez não seja imediatamente comercial, mas que expõe uma visão completa e ousada de quem ele é como artista.

Nota final: 70/100

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