“O Silêncio Que Grita” marca o retorno triunfante de Negra Li aos estúdios com um álbum que honra sua trajetória e reafirma seu papel como uma das vozes mais essenciais da música brasileira contemporânea. Celebrando 30 anos de carreira, Negra Li entrega um trabalho que alia maturidade artística, contundência lírica e excelência sonora.
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O disco é mais que um manifesto, é uma carta aberta que reverbera questões raciais, sociais e afetivas com intensidade e sofisticação. São 11 faixas costuradas com inteligência e propósito, onde as batidas do rap dialogam com a ancestralidade rítmica de sons afro-brasileiros, passando com naturalidade por reggae, samba, R&B, gospel e blues. Tudo isso guiado por uma produção de alto nível, com arranjos polidos, vocais bem explorados e uma paleta sonora plural e coerente.
A presença de Liniker, Gloria Groove e Djonga adiciona peso e diversidade à narrativa, sem jamais desviar o foco de Negra Li, que brilha em cada verso com postura firme e sensibilidade artística. As participações funcionam como pontes para diferentes públicos, mas também como amplificadores da mensagem que o álbum sustenta: resistir é criar, amar é revolucionar.
Há um cuidado evidente em cada detalhe. A estética visual, o conceito das canções, as escolhas de timbres e os recortes poéticos formam um conjunto que equilibra raiva e ternura, denúncia e cura, passado e futuro. Negra Li revisita sua própria história, mas não se acomoda na nostalgia. Ela avança, provocando e inspirando, fiel às suas raízes, mas com olhos voltados para o presente.
O álbum ganha ainda mais profundidade ao transformar o silêncio em gesto político. Aqui, a quietude de tantos anos sem lançar disco se desfaz em gritos perfeitamente articulados, onde a dor não é fim, mas ponto de partida. E o mais impressionante: a mensagem nunca é panfletária. Tudo é embutido em composições fortes, melodias bem desenhadas e escolhas estéticas que valorizam o conteúdo.
“O Silêncio Que Grita” é um álbum com alma, propósito e potência. Negra Li não só reafirma sua relevância como artista, como também entrega um dos registros mais sólidos e importantes do ano. Em tempos de retrocesso, é revigorante ouvir uma obra que aponta caminhos com firmeza e sensibilidade.
Nota: 88/100
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