Para entrar no clima de um dos filmes mais aguardados do ano, “Wicked“, o Caderno Pop revisita o clássico que deu origem a essa história mágica e inesquecível. “O Mágico de Oz” é uma obra que transcende o conto de fantasia, ele é a raiz de uma narrativa profunda que, décadas depois, ainda inspira adaptações e novos olhares. Mas até onde essas histórias se conectam? E o que o novo musical revelará sobre os personagens que marcaram gerações?
Prepare sua pipoca, porque essa viagem a Oz vai muito além do que se vê na tela.
A trama segue a jovem Dorothy (interpretada de forma arrebatadora por Judy Garland), que, carregada por um tornado, chega a Oz e, sem querer, elimina a Bruxa Má do Leste. Para retornar a Kansas, ela embarca em uma missão para encontrar o Mágico de Oz, acompanhada por um trio de personagens simbólicos: o Espantalho em busca de sabedoria, o Homem de Lata ansiando por emoções e o Leão que almeja coragem. O irônico é que cada um já possui a qualidade que procura, e o próprio Mágico, com seu jogo de ilusões, não passa de uma metáfora sobre a busca de validação. Em tempos onde diplomas são muitas vezes tratados como símbolo de sucesso, o momento em que o Espantalho recebe o dele serve como uma sátira afiada.
Lembranças pessoais tornam esta obra um laço de rituais familiares e até de desafios individuais. Assisti-lo, especialmente no contexto de uma exibição em 35 mm, é como reviver um clássico em sua forma mais pura, com uma plateia heterogênea de cinéfilos. Reviver cenas assustadoras como a dos macacos voadores ou a emblemática bola de cristal, onde Dorothy vê sua tia se transformar sob o riso da Bruxa Má, nos coloca em contato com o temor e a inocência perdidos. A capacidade do filme de incitar medo e até tristeza em um ambiente que deveria ser infantil é uma lembrança de como o cinema pode capturar o sombrio sem desrespeitar a leveza do enredo.
Há quem veja “O Mágico de Oz” como um símbolo de libertação. Na era pré-Stonewall, a comunidade queer encontrou no arco de Dorothy uma parábola de aceitação e resistência. Em outros contextos, é possível interpretá-lo como um questionamento existencial sobre a fé ou sobre a quebra de expectativas sociais, principalmente quando o Mágico revela-se um impostor. Há uma universalidade aqui que permite ao filme atravessar gerações: o dilema de retornar ao conhecido Kansas ou seguir em Oz é, no fundo, uma escolha sobre crescer e abraçar o desconhecido.
Qual a ligação da história “O Mágico de Oz” com a história de Wicked?
“Wicked” é a história não contada de Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, que em “O Mágico de Oz” se apresenta como vilã implacável e de ameaças recorrentes. Em “Wicked”, no entanto, a narrativa ganha novos contornos ao explorar a amizade e os dilemas que levaram Elphaba ao seu destino trágico. A peça (e agora o filme) trata de justiça, de preconceito e de mal-entendidos, sugerindo que Oz possui verdades que Dorothy jamais viu. “Wicked” reconstrói o cenário, revelando que em toda história há perspectivas ocultas – e um herói pode facilmente ser o vilão de outra história.
Saiba algumas curiosidades sobre o filme clássico
Produzido em 1939, “O Mágico de Oz” é conhecido por seus desafios de produção: o icônico tom de pele verde da Bruxa Má, por exemplo, era altamente tóxico e causou sérios problemas à atriz Margaret Hamilton. O Leão Covarde, por outro lado, usava uma fantasia feita com pele de leão real, que pesava mais de 40 quilos. Outro detalhe é a mudança no uso das cores – uma inovação para a época – que transformou a jornada de Dorothy em uma experiência visualmente revolucionária, com Oz representado em Technicolor, contrastando o monótono Kansas. Estes são apenas alguns exemplos de como o filme tornou-se um marco de inovação e persistência no cinema.