“O Truque do Amor” (Mica è Colpa Mia) é um daqueles filmes que chegam com a promessa de aquecer os corações, mas acabam sendo lembrados mais pelas suas falhas do que pelas suas virtudes. Ambientado na charmosa Nápoles, o filme apresenta uma premissa simples, porém desgastada: dois irmãos em apuros financeiros elaboram um plano para enganar uma rica herdeira, mas acabam tropeçando no amor e nas consequências das próprias escolhas.
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A narrativa gira em torno de Vito (Antonio Folletto), um pai solteiro carismático que se vê forçado a liderar uma farsa para salvar o lar da família. Ele e seu irmão Antonello (Vincenzo Nemolato) criam uma instituição de caridade fictícia para atrair a doação de Marina (Laura Adriani), uma jovem herdeira que, apesar de sua fortuna, carrega uma profunda solidão. A química entre Vito e Marina é o ponto central da trama, mas sofre com a superficialidade do roteiro, que se contenta em tratar o amor como um simples tropeço no meio de um plano maquiavélico.
Os personagens carecem de complexidade. Vito é retratado como um homem íntegro, mas isso é insinuado mais do que mostrado. O bebê que carrega nos braços funciona como um acessório emocional, enquanto suas reais motivações ou dilemas ficam em segundo plano. Marina, por sua vez, é ainda mais estereotipada. Sua personalidade parece depender de sua aparência: cabelo solto para dias felizes, rabo de cavalo para momentos tensos. É uma caracterização tão rasa que beira o cômico.
Os diálogos não ajudam. Muitas vezes são previsíveis, com trocas que parecem ter saído de um manual genérico de comédias românticas. Não há um momento de real surpresa ou emoção genuína. Quando o filme tenta aprofundar a relação entre Vito e Marina, o faz de maneira apressada, deixando a sensação de que o amor ali surge por conveniência do roteiro, e não por uma conexão verdadeira entre os personagens.
Apesar de tudo isso, “O Truque do Amor” consegue entreter em alguns momentos. O ritmo é rápido, o que impede que a experiência se torne tediosa, e o cenário de Nápoles adiciona um charme visual que contrasta com a fragilidade da história. Há cenas que arrancam risos não pela qualidade do humor, mas pela maneira despretensiosa com que o filme assume sua simplicidade.
O maior problema da obra é a falta de ousadia. Em um gênero saturado como o das comédias românticas, era preciso mais do que uma premissa familiar e personagens caricatos para se destacar. O que poderia ser uma história emocionante sobre escolhas difíceis e redenção se transforma em uma sucessão de clichês que, embora agradáveis de assistir, são esquecíveis assim que os créditos começam a rolar.
O longa não é um desastre absoluto, mas também está longe de ser memorável. Para aqueles que buscam um filme leve e descompromissado para passar o tempo, ele pode até cumprir o propósito. Mas, para quem espera um enredo mais elaborado e personagens que realmente cativem, o filme deixa muito a desejar. No final, o truque do título parece ser a promessa de uma história que nunca se realiza por completo.
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