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Crítica: “Pele de Vidro” (Skin of Glass)

Texto: Ygor Monroe
5 de outubro de 2024
em Cinema/Filmes, Documentários, Resenhas/Críticas
1

Denise Zmekhol, em “Pele de Vidro“, costura uma narrativa tão delicada quanto o material que nomeia o icônico edifício projetado por seu pai, o arquiteto Roger Zmekhol. Inaugurado em 1968, o Wilton Paes de Almeida é um microcosmo de tudo que deu certo (e errado) no Brasil das últimas cinco décadas. O filme, poeticamente enraizado no estilo epistolar, funciona como uma correspondência entre a diretora e seu falecido pai, um diálogo silencioso que se desenrola no palco de uma São Paulo feroz, em que passado, presente e futuro colidem sem concessões.

Crítica: "Pele de Vidro" (Skin of Glass) | Foto: Reprodução
Crítica: “Pele de Vidro” (Skin of Glass) | Foto: Reprodução

O edifício Wilton Paes de Almeida, apelidado de “Pele de Vidro”, desabou em 2018 após um trágico incêndio, tornando-se um símbolo da desintegração social e política do Brasil. No entanto, o que faz o filme se destacar é a maneira como Denise tece uma teia emocional e histórica, explorando o impacto de sua herança arquitetônica e o legado que seu pai deixou para trás. Não é um simples ensaio sobre o prédio; é uma meditação visceral sobre perda, deslocamento e as promessas quebradas de uma era.

Zmekhol transforma o edifício em uma metáfora abrangente, vidro, como material, é tanto barreira quanto revelação. A transparência ilusória do prédio simboliza a promessa de progresso dos anos 60, quando o Brasil vivia o otimismo de Brasília e das esperanças modernistas. Mas como o vidro, essa promessa é frágil. Ao longo das décadas, a estrutura torna-se um reflexo das falhas gritantes no tecido social do país. A desigualdade, o deslocamento dos pobres e a corrupção institucional que corroeu a estrutura e toda uma geração são abordados com uma profundidade surpreendente.

O documentário se destaca por capturar essas camadas complexas. O espectador não é levado a entender a arquitetura como um ato estético isolado, mas como um reflexo das forças políticas e sociais que a moldam. A São Paulo que vemos por trás das lentes de Zmekhol é uma cidade em crise, onde o arranha-céu de vidro revela, em sua queda, a implosão de uma sociedade.

O aspecto mais complexo, no entanto, é a jornada pessoal da diretora. A medida em que ela explora o legado de seu pai, também mergulha em sua própria história, em uma tentativa de reconciliação com a memória e a ausência. A obra ganha profundidade ao traçar paralelos entre o colapso físico da estrutura e as rachaduras emocionais que a perda gera em uma família. O amálgama entre o edifício e a figura paterna cria uma narrativa complexa, onde o espectador é levado a enxergar o espaço urbano como extensão de traumas pessoais.

Crítica: "Pele de Vidro" (Skin of Glass) | Foto: Reprodução
Crítica: “Pele de Vidro” (Skin of Glass) | Foto: Reprodução

O longa também não deixa de lado uma análise crua sobre a situação dos sem-teto em São Paulo, que encontram abrigo no edifício em seus últimos dias. A maneira como o documentário lida com a economia dos invasores, os dilemas éticos e a inação governamental é sutil, mas profundamente crítica. Sua trajetória destaca a complexa teia de interesses e negligências que, de forma cruel, contribuiu para o incêndio fatal, enquanto a diretora enfrenta a resistência dos próprios moradores em acessar o prédio que, ironicamente, pertence ao legado de sua família.

Essa resistência reflete um dos temas centrais do documentário: a alienação. O distanciamento entre a elite que construiu a cidade e a população marginalizada que nela sobrevive é palpável. Denise, por mais pessoal que seja sua missão, esbarra nas barreiras invisíveis e visíveis da desigualdade, refletidas na própria pele de vidro que seu pai criou.

Denise Zmekhol oferece um retrato melancólico, porém poderoso, de como a arquitetura pode encapsular a história de uma nação, suas esperanças e suas tragédias. “Pele de Vidro” é uma homenagem ao prédio e ao homem, e também uma reflexão pungente sobre a fragilidade das nossas construções – sejam elas físicas, sociais ou emocionais.

Ao final, o espectador é confrontado com a desconstrução de um edifício e de uma era inteira, em que as promessas do Brasil, ao invés de se realizarem, fragmentaram-se como vidro. A obra de Denise Zmekhol é um lamento visual, mas também um grito silencioso, um chamado para que, ao olhar para as ruínas, enxerguemos o que foi destruído e o que poderia ter sido.

O filme faz parte da programação do Festival do Rio. Para mais informações, basta clicar aqui.

⭐⭐⭐⭐⭐

Avaliação: 5 de 5.

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