Se tem algo que sempre atrai atenção é a velha história de prisão injusta. E em “Prisioneiro do Caos”, tudo começa com uma situação que qualquer um poderia viver, um vendedor de eletrônicos só queria instalar uma TV, mas acabou ganhando uma sentença de 18 anos. Quem nunca teve aquele dia em que tudo parece dar errado, não é? Para o desastrado e azarado Conny, a coisa foi além do esperado. Ao bom estilo sueco, esse pesadelo é contado com pitadas de humor absurdo, romance e um toque de loucura, que faz questionar como o protagonista conseguiu se meter nessa enrascada.
A premissa é simples: Conny, divorciado e pai da pequena Julia, só queria sobreviver ao seu emprego. No entanto, depois de ser injustamente acusado de homicídio – só porque estava no lugar errado na hora errada – ele vai parar na prisão. E não demora muito para ele fazer amizade com dois criminosos atrapalhados, Norinder e Musse, que o confundem com um piloto (sim, piloto!) e o arrastam para um plano de fuga completamente mirabolante. O enredo parece absurdo? Sim, e é aí que reside parte da graça.
Logo de cara, o que chama atenção no filme é o contraste entre o drama e a comédia. Temos um cara comum, com problemas de pai divorciado, jogado em uma prisão com gente que parece saída de um episódio de “Fuga das Galinhas“. E em meio a tudo isso, ele ainda consegue se apaixonar por uma policial, a única pessoa que pode realmente ajudá-lo. Porque, claro, por que não adicionar romance a esse coquetel de caos?
A química entre os atores é o verdadeiro motor do filme. Filip Berg como Conny é desajeitado, engraçado e dá aquela sensação de “cara comum”. A interação dele com Amy Deasismont é no mínimo fofa. Aquelas pequenas cenas em que eles trocam olhares ou diálogos constrangedores são a cereja do bolo. Não é revolucionário, mas é genuinamente agradável.
No entanto, o filme não é impecável. Alguns momentos parecem forçados, como se o diretor não soubesse bem se queria uma comédia de erros ou um suspense policial. O original tinha mais energia, mais frescor. Este remake parece tentar andar na linha entre o engraçado e o dramático, mas acaba tropeçando. Não chega a ser um desastre, mas tem diálogos que soam deslocados. A edição também não ajuda algumas transições são tão abruptas que o espectador fica sem saber se era para rir ou ficar tenso.
Mesmo assim, “Prisioneiro do Caos” tem seu charme. As situações são tão absurdas que, mesmo previsíveis, ainda arrancam risadas. No final das contas, é o tipo de filme para relaxar, disponível no catálogo da Netflix. Não é um Oscar, mas, sinceramente, às vezes tudo o que se quer é ver um cara tentando provar sua inocência enquanto se mete nas mais ridículas confusões.
Para quem está afim de uma comédia despretensiosa com aquele toque de “como ele foi parar nisso?”, vale a pena dar uma chance. É o tipo de filme em que se ri dos momentos mais idiotas, mas ainda assim é divertido. E isso já basta.