Lá pelos anos 90, Shakira era uma força criativa inegável, trazendo uma mistura de pop e rock cheia de caráter. Mas “El Dorado”, seu 11º álbum de estúdio, marca um momento de contraste. Com lançamento em 2017, sob o selo da Sony Music Latin, o disco apresenta uma Shakira diferente, uma que parece dividir sua identidade artística entre o desejo de explorar novas sonoridades e a pressão para criar hits instantâneos.
Shakira se apresenta no Brasil em fevereiro de 2025. A turnê no Brasil é apresentada pelo Santander Brasil, com patrocínio de Shell, Coca-Cola, Heineken e Decolar, além do apoio da Esfera. Mais informações estão disponíveis no link.
Inspirado por experiências pessoais, incluindo seu relacionamento com seu ex-marido Gerard Piqué, “El Dorado” transita pelo pop latino e reggaeton, pincelando influências de bachata, vallenato e electro-pop. Contudo, a produção, liderada por nomes como Luis Fernando Ochoa, Supa Dups e The Arcade, frequentemente tropeça ao tentar equilibrar sutileza e apelo comercial. O resultado é um álbum coeso, mas previsível.
Comecemos pelas colaborações. Maluma, que aparece em duas faixas (“Chantaje” e “Trap”), é uma presença recorrente, mas pouco inspirada. “Trap” tenta ser uma balada intimista, mas é ofuscada por uma performance sem emoção e produção genérica. Já “Chantaje” tem um refrão pegajoso e uma batida vibrante, mas não escapa de soar como uma música de fórmula. Outras participações, como Nicky Jam (“Perro Fiel”) e Black M (“Comme moi”), também não trazem nada de notável.
Por outro lado, Carlos Vives é o ponto alto em “La Bicicleta”. O refrão chiclete e os arranjos tropicais remetem à Shakira que combinava carisma com autenticidade. “Amarillo” também se destaca, trazendo uma leveza despretensiosa e uma melodia que se fixa. “Nada” tenta resgatar o emocional que marcou sua fase mais introspectiva, mas fica aquém das expectativas.
“Me enamoré”, por sua vez, é um dos exemplos mais fracos. Apesar da intenção de celebrar um amor real, a produção excessivamente plástica e os sintetizadores amadores minam o impacto da música. A escolha de apostar em um pop reggaeton-lite muitas vezes soa como uma tentativa de agradar o mercado mais do que uma expressão genuína.
É inegável que Shakira ainda tem lampejos de criatividade. Faixas como “Coconut Tree” trazem um charme sutil que não tenta impressionar demais, mas funcionam no contexto do disco. Mesmo assim, o álbum peca por sua dependência em faixas que já haviam sido lançadas meses antes, reduzindo a sensação de novidade.
Comercialmente, “El Dorado” foi um sucesso, garantindo a Shakira o Grammy de Melhor Álbum Pop Latino em 2018. Contudo, artisticamente, fica aquém do padrão que a artista estabeleceu em discos como “Pies Descalzos” e “Fijación Oral”. Este é um álbum que, embora consistente e bem produzido, carece do senso de risco e identidade que um dia definiu Shakira. O que resta é uma coleção de canções confortáveis, mas que dificilmente serão lembradas como parte essencial de seu legado.
Nota final: 68/100
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