Crítica: “Terrifier 2”

“Terrifier 2” não é para os fracos de estômago. Esse filme é uma montanha-russa sangrenta que faz o primeiro parecer uma caminhada no parque. Escrito e dirigido por Damien Leone, o longa não economiza em tripas, gritos e, claro, no retorno daquele que já se consagrou como um dos palhaços mais perturbadores do cinema, Art, o Palhaço. Com David Howard Thornton brilhando novamente no papel, “Terrifier 2” coloca as expectativas lá no alto e ainda as despedaça.

Terrifier 2 | Foto: Divulgação

A trama segue Sienna Shaw, vivida por Lauren LaVera, que traz uma protagonista com ares de super-heroína gótica, uma Mulher-Maravilha ensanguentada em uma missão para proteger seu irmão Jonathan. A dupla não tem muito tempo para se preparar quando o psicótico Art é ressuscitado, mais perverso e demoníaco do que nunca. Logo, o Halloween vira um campo de batalha, com Sienna sendo a última esperança contra essa máquina de matar.

É interessante ver o quanto Damien Leone escutou as críticas do primeiro filme e resolveu ampliar a história, algo raro no mundo dos slashers. Enquanto “Terrifier” (2016) era mais focado na carnificina, “Terrifier 2” tenta dar um pouco mais de profundidade à loucura. O resultado? Art agora tem uma aura sobrenatural que o torna ainda mais sinistro, o que é um verdadeiro presente para os fãs de horror que adoram uma mitologia demoníaca.

Com quase duas horas e meia de filme, Leone não só escalou a violência, como expandiu o universo do palhaço. Claro, é possível dizer que o filme poderia ter uns 30 minutos a menos. Algumas cenas se arrastam um pouco além do necessário, mas, para os entusiastas do splatter, mais tempo significa mais sangue. E sangue é o que não falta aqui. O filme é praticamente uma galeria de efeitos práticos de gore, com momentos que vão fazer até os estômagos mais fortes darem aquela revirada.

Lauren LaVera brilha como Sienna, uma protagonista que carrega o peso emocional de uma história familiar desmoronando. Ela é o “coração e alma” do filme, como o próprio Leone descreveu, e seu embate com Art vai muito além de gritos e facadas. É como se Sienna fosse o antídoto perfeito para a insanidade sem palavras de Art.

Falando em Art, David Howard Thornton continua sendo um gênio do mal no papel. Sua interpretação muda entre o cômico e o grotesco em questão de segundos, e seu trabalho como mímico só deixa tudo ainda mais perturbador. Não há palavras, mas suas expressões dizem tudo o que faz dele um dos vilões mais memoráveis do horror contemporâneo. É quase um show solo de Thornton, com a maquiagem impecável e o figurino exagerado de Art ajudando a transformar cada cena em um espetáculo bizarro.

Agora, não dá para deixar de mencionar o sucesso surpreendente da campanha de financiamento coletivo que ajudou a dar vida ao filme. O Indiegogo estourou todas as expectativas, e os US$ 250 mil dólares arrecadados permitiram a Leone realizar suas ideias ambiciosas, o que mostra o poder dos fãs apaixonados por esse tipo de terror.

Em termos de violência, “Terrifier 2” eleva o jogo para um nível insano. Se o primeiro filme já era gráfico, este aqui não tem medo de ir além. Algumas cenas chegaram ao ponto de causar desmaios e vômitos nos cinemas, o que, convenhamos, só aumenta o status de “filme cult” entre os fãs do gênero.

No fim das contas, “Terrifier 2” cumpre o que promete: uma sequência que corrige os defeitos do original e amplifica o que os fãs amam. Sim, é longo, mas é uma daquelas jornadas que deixam marcas (literalmente) e provam que o terror indie ainda tem muito a oferecer.

Avaliação: 4 de 5.
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