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Crítica: “Ainda Estou Aqui”

Texto: Ygor Monroe
4 de março de 2025
em Cinema/Filmes, Resenhas/Críticas
6

O filme “Ainda Estou Aqui” é um marco no cinema brasileiro, trazendo à tona uma profundidade emocional que se espalha em cada cena. Sob a direção de Walter Salles, a narrativa biográfica de Eunice Paiva, interpretada com maestria por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, expõe a transformação de uma mulher que teve sua vida devastada pela ditadura militar. Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, o longa vai além de contar a história de uma família. Ele se transforma em um grito de memória coletiva, um retrato da resistência e da coragem diante da brutalidade do regime.

Crítica: "Ainda Estou Aqui" | Foto: Reprodução
Crítica: “Ainda Estou Aqui” | Foto: Reprodução

Em sua estreia no Festival de Veneza, em 2024, “Ainda Estou Aqui” foi recebido com uma ovação de dez minutos. As atuações de um elenco que parece viver cada emoção que retrata contribuíram para esse impacto imediato. A trajetória de Eunice, uma mãe e advogada que vê seu mundo ruir com o desaparecimento do marido Rubens, é dolorosamente humana.

A história de Eunice é um símbolo da luta por justiça. Casada com Rubens Paiva, político sequestrado pela ditadura em 1971, ela viu sua vida ser tragicamente alterada. Rubens foi levado pelos militares, brutalmente torturado e desapareceu. Durante décadas, a família buscou respostas, enquanto Eunice se tornava uma figura central no ativismo político. A dor pessoal se misturava à luta pelos direitos humanos, em um Brasil que ainda não cicatrizou suas feridas.

O cinema brasileiro viveu um momento memorável com a conquista do Oscar de Melhor Filme Internacional, e a repercussão desse feito se tornou um dos grandes temas da coletiva de imprensa com Fernanda Torres, Selton Mello e Walter Salles. Em meio à celebração, os artistas compartilharam suas impressões sobre o impacto do filme, a reação do público e o simbolismo dessa vitória em um contexto de transformações sociais e políticas.

“Hoje parece um filme do Glauber Rocha”, afirmou Fernanda Torres, refletindo sobre a intensidade da experiência. “O Brasil abraçou esse filme, e o que mais impressiona é que foi uma experiência coletiva. As pessoas não assistiram sozinhas em casa, foram ao cinema, sentiram juntas o choque emocional”. A atriz destacou ainda a matéria do New York Times, que narrava como uma espectadora, tomada pela emoção, segurou a mão de uma desconhecida ao seu lado.

Para Selton Mello, a força do filme ultrapassa a tela e ressignifica a memória coletiva do país. “Quando acabou a primeira exibição em Veneza, eu pensei: esse filme é o corpo do Rubens que nunca voltou. Era como se, por meio da arte, ele estivesse ali de novo”. O ator ressaltou a importância do cinema e da literatura para impedir que histórias como essa desapareçam.

Já Walter Salles ampliou a discussão ao relacionar a recepção do filme com o cenário atual. “Estamos vivendo um processo de fragilização crescente da democracia. O impacto do filme nos Estados Unidos mostra como essa realidade ecoa pelo mundo”. Para o cineasta, o cinema, assim como o jornalismo e outras formas de expressão, se torna um elemento essencial contra esse avanço.

Crítica: "Ainda Estou Aqui" | Foto: Divulgação
Crítica: “Ainda Estou Aqui” | Foto: Divulgação

A obra é devastadora. Desde o momento em que Rubens é levado pela ditadura, o filme constrói uma tensão crescente que atravessa a narrativa. Walter Salles captura essa dor íntima e transforma em um retrato do peso histórico de um Brasil marcado pela repressão.

Fernanda Torres é o coração do filme. Sua atuação não se limita a interpretar o luto de Eunice, ela habita esse luto. A força de sua presença na tela faz com que cada gesto, cada olhar carregue o peso da perda e da esperança. Sua Eunice luta para proteger seus filhos, enquanto se apega à esperança de que Rubens possa voltar.

A fotografia de Salles acentua essa narrativa com uma beleza melancólica. As cenas na praia carioca, banhadas por uma luz nostálgica, são um contraste visual ao peso sombrio da repressão. O Rio de Janeiro brilha com uma dualidade, refletindo a própria vida da família antes da tragédia.

Uma cena especialmente forte mostra Eunice no mar, enquanto um helicóptero militar sobrevoa. Esse momento encapsula a tensão do filme. A paz aparente é interrompida pela ameaça invisível, assim como os momentos de amor e riso da família, sempre à beira do colapso. O filme usa esses contrastes para intensificar a narrativa de uma forma visceral.

Memória é o fio condutor da trama. Álbuns de fotos, cartas antigas, rituais familiares, tudo carrega o peso da ausência de Rubens. A família reorganiza sua existência em torno dessa falta. “A questão não é superar a dor, mas aprender a viver com ela”, disse Walter Salles. O roteiro é honesto e não busca soluções fáceis para o sofrimento.

Na reta final, a sutileza domina. Eunice, envelhecida, olha para trás com uma aceitação silenciosa. O filme evita grandes explosões emocionais, preferindo os detalhes do cotidiano e as performances contidas. A doença de Alzheimer, enfrentada por Eunice no fim da vida, traz um medo profundo: o que acontece quando as memórias começam a se apagar?

“Ainda Estou Aqui” é uma celebração do poder da lembrança. Ele nos lembra que enquanto houver memória, haverá vida. A presença de Rubens é constante, mesmo que invisível. O filme o eterniza nas pequenas coisas, nas histórias contadas, no amor que nunca morre. Rubens, de certa forma, ainda está ali, e é isso que torna o filme tão poderoso.

No fim, sem muitas delongas, é o melhor filme de 2024.

⭐⭐⭐⭐⭐

Avaliação: 5 de 5.

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