Existe uma diferença importante entre orçamento limitado e imaginação limitada. Quando o cinema de gênero abraça a escassez de recursos e entende suas restrições como linguagem, o resultado pode surpreender. Mas quando o limite vira desculpa para decisões criativas apáticas, não há tubarão, máfia ou locação submersa que sustente o mergulho.
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“Terror no Rio” é um projeto que aposta alto em conceito e entrega pouco em execução. A ideia de confrontar um predador natural com predadores humanos, ambientada em águas turvas e tensas dos anos 40, poderia render uma narrativa de tensão crescente e simbolismos potentes. No entanto, o que se vê é uma sucessão de escolhas seguras, pouco ousadas, que deixam a estrutura do filme previsível demais para funcionar como suspense e limitada demais para operar como thriller.
Há um mérito específico no uso de efeitos práticos em vez do CGI genérico que costuma assombrar produções do tipo. Quando o filme opta pelo que pode fazer com o que tem, acerta na textura visual e na construção de atmosfera. O problema é que essas escolhas são esparsas, quase acidentais. Boa parte da mise-en-scène se acomoda em uma repetição de planos fechados, pouca variação de ritmo e um design sonoro que não provoca urgência. O tubarão, que deveria ser um catalisador de medo, vira apenas um ornamento narrativo. Presente, mas inofensivo.
A estrutura dramática também revela suas fragilidades cedo demais. Não há progressão emocional nem tensão crescente. O que se propõe como confronto entre natureza e crime vira um jogo sem profundidade, onde cada movimento já é antecipado antes mesmo de acontecer. O espectador não é desafiado. Apenas conduzido.
O filme se afasta do absurdo absoluto, mas também recusa o realismo estilizado. Fica em um meio-termo desconfortável. Quando tenta resolver tudo pelo poder do protagonista, o roteiro revela seu esgotamento. A sensação é de que a ideia era melhor do que a história. E a história, melhor do que sua realização final.
“Terror no Rio” é um filme que poderia ser muito mais interessante se escolhesse com mais coragem onde quer ancorar. O que fica é um conceito que merecia ser refinado, dirigido por uma ambição que soubesse lidar com as limitações sem se render a elas.
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